CAMINHOS DE
FÁTIMA
Como nos demais anos, por
esta altura, muitos são os peregrinos que trilham os caminhos de Fátima em
peregrinação. No início desta semana pudemos verificar o número imenso de
peregrinos em movimentação pelas nossas estradas nacionais: uns organizados em
grandes grupos, que chegam a contar centenas de pessoas; outros em grupos mais
pequenos; e outros, ainda, caminhando individualmente, ou acompanhados de mais
uma ou duas pessoas. Segundo a informação da Agência Ecclesia, do início desta
semana, trilhavam os nossos caminhos cerca de trinta e cinco mil peregrinos.
Certamente um número que considera grupos com algum registo dos elementos em
peregrinação, mas excedido pelas muitas centenas, senão milhares, dos que
caminham sem qualquer indicação oficial. Evidente é, então, o número imenso de
concidadãos nossos que nestes dias rumam a Fátima, peregrinando a pé. Formando,
por vezes, colunas compactas e extensíssimas, como ainda no início desta semana
podíamos verificar.
Peregrinar em Portugal, de norte para sul ou de sul para norte, requer
múltiplos cuidados, para que se salvaguarde a segurança dos peregrinos, a
segurança dos condutores, e um autêntico proveito humano e espiritual de quem
trilha os caminhos de peregrinação.
É certo
que, nos últimos anos, muito tem sido feito, quer ao nível da preparação das
peregrinações a pé, quer ao nível da sua realização. Desde logo, assumiu-se já
a preocupação da sinalização dos peregrinos, com coletes refletores e com
lanternas para o período noturno, bem como a circulação em filas menos
compactas, que permitam maior segurança na caminhada. Certamente com a
consciencialização e formação de muitos dos animadores de peregrinações.
Mas
há ainda muito a fazer, particularmente no que respeita aos percursos ou
trilhos de peregrinação. É com algum desagrado, precisamente porque está em
causa o bem dos peregrinos, que vejo muitos deles a insistirem em percorrer as
estradas mais movimentadas, com espaços muito escassos, senão mesmo quase
inexistentes, de circulação, quando lhes são claramente propostos trilhos
alternativos, que asseguram maior segurança e comodidade à peregrinação. Nos
últimos tempos, apesar de alguns desencontros, tem sido feito um esforço grande
na marcação de caminhos – os denominados «Caminhos de Fátima». Para esta ação
têm concorrido instituições particulares de apoio aos peregrinos, municípios,
instituições públicas, entre tantos outros que assumem como necessária a
redefinição de trilhos de peregrinação para assegurar maior segurança e
comodidade aos peregrinos de Fátima. Registei, precisamente esta semana, a
atitude das Infraestruturas de Portugal que, nas proximidades de Coimbra,
colocaram placas sinaléticas a indicar caminhos alternativos para Fátima,
especialmente concebidas para apoiar os peregrinos.
Ora,
perante tais contributos há agora que sensibilizar, formar e ajudar os
peregrinos a beneficiarem deste esforço de apoio que lhes é prestado.
Sobretudo, há que sensibilizá-los para a necessidade de se afastarem das vias
mais movimentadas, beneficiando de caminhos mais seguros e cómodos para a sua
peregrinação. Este é, por certo, um esforço e um trabalho de sensibilização que
necessita de ser feito em conjunto: instituições públicas, forças de segurança,
Santuário de Fátima, instituições particulares ligadas aos Caminhos de Fátima,
e a Igreja, com as suas múltiplas paróquias, grupos de peregrinos, animadores
de peregrinação, ou peregrinos individuais. Há uma tarefa em que temos de
persistir. Para tal, é necessário, ainda, continuar a redefinição de percursos
mais seguros, onde ainda não estejam claramente definidos; publicar mapas e
roteiros a fornecer aos peregrinos e animadores de peregrinações, com indicação
dos novos trilhos; bem como orientar os peregrinos na sua caminhada, com a
indicação dos trilhos definidos, como ainda agora víamos a GNR a efetuar
nalguns troços mais problemáticos.
Certamente que a primeira preocupação com a definição dos chamados
«Caminhos de Fátima» se prende com a segurança. Mas beneficiar destes trilhos
de peregrinação permite igualmente aos peregrinos aproveitarem melhor a sua
caminhada – com menor ansiedade no caminho e maior disponibilidade para a
contemplação e a renovação interior. É que o caminho não é apenas o percurso
geográfico, mas também a experiência humana e espiritual que ele permite.
Pampilhosa, 10 de Maio de 2018
Pe. Carlos Alberto G. Godinho
(87ª Reflexão)