domingo, 29 de julho de 2007

Movimentação do Clero na Diocese de Coimbra


Acabo de ver, no Correio de Coimbra online, a movimentação do clero diocesano. Eu próprio sou parte da solução encontada, depois de algumas conversas com o Bispo Diocesano. Todavia, não deixo de olhar para as movimentações com alguma apreensão. Continuamos a manter o mesmo esquema de nomeações, com base num sistema "beneficial" e ainda não tivemos coragem de dar um salto qualitativo face ao futuro. E todos nós sabemos que este não poderá ser esse esquema de futuro. É necessária coragem ao Bispo Diocesano para proceder às reformas de fundo ao nível da pastoral territorial. É necessária coragem aos presbíteros para empreenderem caminhos de serviço em equipa. É necessária muita coragem para envolver ainda mais os leigos nas soluções a encontrar. Não tenhamos dúvidas: este é um "esquema a prazo!". A Diocese necessita cada vez mais de uma reforma profunda, depois de nos sentarmos todos e dialogarmos, de forma a assumirmos um projecto em unissono. Sobre este aspecto espero poder partilhar as minhas reflexões com mais alguma profundidade. Por ora, direi apenas que não vejo com muito entusiasmo as movimentações feitas. Deus permita que, por agora, consigamos servir minimamente o Povo de Deus, sem desgastes excessivos dos padres, os que ainda estamos ao serviço.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Beleza e Simplicidade!


Nada mais belo do que uma flor,

para nos falar da Beleza

e da Simplicidade

da Vida!

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Sempre uma nova Esperança!...



O pôr do sol nunca é apenas um fim! É também a esperança de um novo nascer do sol!
Assim, também na vida: cada momento aparentemente final gera sempre outro cheio de vida e de alegria. Como cada pôr do sol, cada momento da vida traz em si o gérmen de uma Esperança renovada!

Espírito Santo!..


Ó Espírito Santo,
alma da minha alma,
eu Vos adoro;
iluminai-me,
guiai-me,
fortificai-me,
consolai-me,
dizei-me o que devo fazer,
dai-me as Vossas ordens.

Prometo submeter-me
a tudo o que desejardes de mim
e aceitar tudo quanto permitirdes
que me aconteça;

dai-me unicamente a conhecer
a Vossa vontade.

(Oração do Cardeal Mercier)

D. António Couto

Foi com muito agrado que vi ontem publicada, na Agência Ecclesia, a notícia de que o Pe. António Couto foi nomeado Bispo auxilar de Braga. E foi com agrado porque tive a oportunidade de o conhecer pessoalmente. Foi meu professor de Pentateuco, na Universidade Católica Portuguesa - Pólo Regional do Porto, onde terminei a Licenciatura em Teologia. Homem simples, afável, de boa relação, é, sobretudo, um homem muito sério na interpretação do conhecimento bíblico e na sua transmissão. Ainda hoje recordo o quanto aprendi com ele sobre estes livros da Sagrada Escritura. Pouco conheço dele a outros níveis, quanto ao exercício do ministério, senão aquilo que nos é dado conhecer pelas notícias a que temos acesso. Vi-o, uma ou outra vez, na sua participação no programa Ecclesia, no Canal 2 da RTP.

Quanto me é dado conhecer, partilho com outros da mesma opinião: é um motivo de esperança para a Igreja Portuguesa.

A par dele, relembro aqui também o Bispo auxiliar de Lisboa, D. Anacleto Oliveira. Igualmente um homem de profundo conhecimento bíblico (meu professor de São Paulo e Epístolas Católicas, no ISET, em Coimbra), conhecimento que alia a uma profunda simplicidade, serenidade e capacidade de diálogo com os seus interlocutores.
É um momento, sem dúvida, para uma grande esperança no enriquecimento da Igreja Portuguesa.

sábado, 7 de julho de 2007

Missa no Rito Antigo!

Acabo de receber notícia da Agência Ecclesia, onde se explicam as razões da permissão do uso do Rito de São Pio V, ainda que de forma extraordinária. Na verdade, a primeira razão é a da reconciliação com uma facção que nunca aceitou o Novo Rito, promulgado pelo Vaticano II. Contudo, a par desta razão, aparecem-nos outras razões, de não menor importância, de entre as quais sobressai o desejo de revalorizar a Eucaristia.
De facto, eu próprio subscrevo a necessidade de uma atenção constante ao modo como se celebra, à dignidade da celebração, ao cuidado em fazer da Eucaristia uma verdadeira expressão de encontro com o Sagrado. Ainda há dias publicava um pequeno artigo sobre a necessidade de criarmos espaços de silêncio e de espiritualidade nas nossas Igrejas e nas nossas celebrações. Todavia, o Novo Rito permite-nos isso mesmo e deverá ser continuamente revalorizado, de modo a que a Eucaristia se torne numa verdadeira fonte de encontro com Cristo e de renovação das Comunidades Cristãs.
Receio, porém, que alguns padres (com o devido respeito pela orientação de cada um!) façam um uso indiscriminado deste rito antigo, privando os fiéis da participação na fonte da vida cristã, que é a Eucaristia. Repito o que disse anteriormente: a Eucaristia permite-nos uma imagem da Igreja que somos. A Eucaristia segundo o Novo Rito, que provém do Vaticano II , permite-nos perceber a Igreja como comunidade ministerial, como verdadeira comunidade, como Igreja que assume como seu um dom fundamental que o Senhor oferece a todos os seus discípulos. E não tenhamos qualquer receio desta ou daquela presença dos Leigos. Afinal, somos todos participantes de uma mesma igualdade fundamental e de uma mesma dignidade que nos vem do baptismo (cf. Lumen Gentium, nº 32 - Cap. IV); somos todo igualmente convidados à mesma santidade (cf. Lumen Gentium, Cap. V). Espero, sinceramente, que esta permissão aproxime os que de algum modo estavam separados da comunhão da Igreja, mas que não seja motivo de privar os fiéis dos direitos que lhe são devidos. Senão, entramos aqui no domínio da injustiça, uma vez que privamos de uma fecunda participação nos Mistérios da Fé aqueles que têm direito a participar neles o mais profundamente possível. Sempre na complementaridade dos Ministérios, para bem de todo o Povo de Deus.
Já nem me refiro a uma certa saudade do passado, presente em certas facções da Igreja e que alguns Bispos bem interpretaram no Sínodo de 2005. Peço a Deus que o maior dom concedido à Igreja no século XX - o Vaticano II - não sofra agora "emendas" que lhe venham retirar a sua eficácia. Bem pelo contrário: precisamos de Bispos, Padres, Leigos, Religiosos e Religiosas que assumam o Concílio Vaticano II como um grande dom feito à Igreja pelo Espírito Santo e que tudo façam para que a Igreja de hoje chegue aos desígnios de Deus ali presentes. Neste sentido, recordo o grande dom que foi o Papa João XIII, por quem nutri sempre um carinho especial, mesmo não o tendo conhecido, esperando que tenhamos hoje a mesma abertura de espírito que ele teve no seu tempo e na condução da Igreja face aos tempos futuros.
Pe. Carlos Alberto Godinho

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Os desafios de Bernard Häring!


A propósito do que escrevi antes, do comentário de Filipe Costa e do livro de Häring que seleccionei, como um do que me marcou no meu processo de crescimento, deixo aqui, precisamente, um dos fortes desafios deste grande Teólogo da Igreja. Diz ele: A Igreja deve-se preocupar com que os cristãos se evidenciem como pessoas adultas, capazes de responsabilidade no mundo temporal, na política, na cultura, na sociedade. (...) Todavia, é impensável que os cristãos, que agem como conformistas no seio da Igreja, se mostrem, ao mesmo tempo, no meio do mundo, como pioneiros da liberdade interior e exterior. (...) A Igreja precisa de cristãos adultos que sejam a vanguarda de uma autêntica liberdade, capazes de assumirem responsabilidades e de serem pioneiros no campo da justiça social e da política pacifista.
(In Última Palavra de Profeta)
Palavras verdadeiramente de Profeta!

Missa segundo o Rito de São Pio V!


Confesso que me espantam as primeiras razões que conduzem o Papa a permitir a celebração da Eucaristia segundo o "Antiquus Ordo", o rito de São Pio V. Num primeiro momento, julguei tratar-se de uma concessão feita à facção mais tradicionalista da Igreja, no sentido de gerar a comunhão com estes irmãos separados por um conjunto de princípios, nomeadamente no modo de celebrar os Mistérios da Fé. Lembro, por exemplo, os seguidores de Monsenhor Lefébvre e a sua inaceitação do "Novus Ordo". Apenas esta razão me parecia plausível para se avançar nesta concessão. Ainda que eu, pessoalmente, não concorde com ela.

Todavia, as primeiras razões apontadas, hoje, pela Agência Ecclesia, remetem-nos para a valorização do culto, tendo em conta os "«tesouros» espirituais, litúrgicos, culturais e estéticos ligado ao Rito Antigo".

A ser assim, e reagindo antes ainda de uma clarificação do Santo Padre, eu questiono-me sobre toda a pastoral litúrgica que a Igreja assumiu, e bem, desde o Vaticano II, dando à Eucaristia - centro da vida da Igreja - uma dimensão verdadeiramente comunitária, em toda a sua extensão: assembleia orante, diversidade de ministérios e serviços, expressão de uma verdadeira comunhão à volta de um único altar. Mesmo este, enquanto centro da celebração, retorna à simbologia do passado, deixando-nos entrever a celebração como realidade "privada" do ministro ordenado, afastando-se da dimensão comunional da Igreja, que na acção Sagrada se representa.

Francamente vou esperar pelo «motu próprio» do Papa. Mas desde logo me questiono sériamente sobre este regresso ao passado - que o Vaticano parece querer recusar! - e, sobretudo, sobre a imagem eclesiológica aí representada. Que Igreja queremos visualizar na celebração da Eucaristia: novamente a Igreja Hierárquica ou verdadeiramente uma Igreja Mistério de Comunhão, afirmação central da Lumen Gentium do Vaticano II, que tão bem se expressa na Reforma Litúrgica ? É que o modo de celebrar não é apenas um acto isolado. Pelo que acabo de afirmar, na Eucaristia evidenciamos a verdadeira imagem da Igreja!


Pe. Carlos Alberto Godinho

terça-feira, 3 de julho de 2007

Deixar-se abraçar pelo Pai!


Acolher-se!

Na sequência de algumas conversas e na consciência de mim próprio, reflectia, há dias, que um dos primeiros deveres para connosco é o de sabermos acolher-nos! Sim, viver o acolhimento para connosco!
É curioso que um dos significados de acolhimento é aceitar na sua companhia. Ora, é aqui que tanta gente vive claras dificuldades! Ou porque é incapaz de se aceitar em todo o seu ser; ou porque não gosta de si, por comparação com outros; ou porque vive em conflito com padrões e orientações sociais; ou, ainda, porque vive em conflito com ideais morais e religiosos.
Em qualquer circunstância, o dever de cada um é o da aceitação incondicional de si e, portanto, saber acolher-se verdadeiramente como sua companhia. Só assim será possível alguém viver a tranquilidade, o bem estar interior e a valorização pessoal.
Mas ao referir este acolhimento não o confundo com mera desculpabilização ou justificação. É muito mais do que isso: é a aceitação incondicional de todas as dimensões da sua vivência pessoal. Só então, partindo desta consciencialização e aceitação, alguém poderá encetar um caminho de transformação, no sentido de encontrar caminhos de maior felicidade e de maior realização. A inaceitação de si não gera mudança; gera, isso sim, fuga, incapacidade de consciencializar a sua realidade, tensão pessoal, neurose. Só aquele que se acolhe é capaz de tomar consciência de si, de fazer opções serenas e correctas e de se valorizar.
Por outro lado, quem não se acolhe, vivendo em tensão consigo, vive uma maior dificuldade de valorizar a vida e de acolher os outros. A inaceitação do outro, na sua identidade e na sua diferença, resulta muitas vezes desta incapacidade de se aceitar a si próprio. O outro não aparece como ser livre diante de mim, mas como possível ameaça à minha sensibilidade e aos meus critérios. Isto é, censuro nele o que em mim não aceito; julgo-o fácilmente, porque vivo a mesma atitude para comigo.
Uma sã aceitação de si permite tranquilidade, paz interior, acolhimento dos outros, valorização pessoal e crescimento contínuo.
Por fim, resta-nos ainda esta certeza: Deus acolhe-me tal qual sou. Não me pergunta se sou bom ou se menos bom; se sou mais perfeito ou menos perfeito... Ama-me pelo que sou e não pelo que vivo. Saber-se amado incondicionalmente por Deus é caminho de felicidade e provocação a deixar crescer esta aceitação de nós próprios no mais íntimo do nosso ser.
Neste sentido, vale a pena ler o texto Ama-me tal como és, no qual Deus afirma: «se esperas ser perfeito para me amar, nunca chegarás a amar-Me».
Teremos de aprender sempre com o coração de Deus, fonte de todo o amor, para sabermos amar-nos tal como somos e, assim, sabermos acolher-nos!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

domingo, 1 de julho de 2007

Pensamento!

"É melhor que fale por nós a nossa vida, que as nossas palavras."

(Gandhi)

Mudar o mundo!

Todos nós, de um modo ou de outro, desejamos mudar o mundo, tornando-o mais justo, mais fraterno, solidário... Numa palavra, mais humano!
Ora, o mundo só poderá mudar na justa medida em que nós mudarmos, em que formos capazes de alterar as nossas vivências, as nossas opções, os nossos afectos, as nossas atitudes. Nunca mudaremos o mundo se não mudarmos o nosso próprio ser. Mais: o mundo só muda na justa medida em que nós, pequenas parcelas do todo, o mudarmos no nosso íntimo. Não podemos, por isso, ter a veleidade de mudar o todo. Mas podemos, sim, mudar a parte que nós somos.
E a grande dificuldade reside aqui: queremos mudar os outros e não somos capazes de nos transformar a nós próprios. A velha sabedoria clássica de Esopo (sécs. VII - VI a.c.), nas suas fábulas, coloca-nos perante este dilema, ao referir-nos o alforge: à frente trazemos, com demasiada frequência, os defeitos dos outros e atrás os nossos. Ora, assim nunca consciencializamos os nossos defeitos e dificilmente os corrigimos. Ao contrário, temos sempre diante de nós os defeitos dos outros, que queremos combater.
Algumas vezes, referindo-me a esta fábula, afirmo a necessidade de mudarmos a posição dos sacos do alforge. Só assim somos mais conscientes de nós, capazes de uma verdadeira autocrítica e consequente mudança.
O mundo só muda quando cada um de nós for capaz de iniciar esta mudança!

O Estudo da História!

Enquanto lia, há dias, uma pequena introdução de um Manual de História, dirigida a professores, pensava na necessidade de se valorizar esta disciplina no processo de formação dos nossos alunos.
Num tempo em que o ensino parece particularmente orientado para uma imediata aplicação – e essa é a sua função! – podemos esquecer-nos da perspectiva mais alargada a privilegiar na formação da pessoa. E é aqui, não obstante o imediato, no desenvolvimento das suas competências específicas, que entram as Ciências Sociais, particularmente a História.
Para quê estudar História? Esta será a pergunta de fundo.
Se conhecer os mais importantes acontecimentos nacionais e mundiais é requisito para uma cultura geral que deve informar a mundividência de cada cidadão, a formação para a cidadania, a compreensão da mudança e participação consciente nesse processo contínuo, ou ainda a consciência da pluralidade e da tolerância, são valores, por si só, que apelam à sua valorização num projecto educativo. Tanto mais que vivemos num mundo em rápida aceleração, num tempo de alguma “crise” (entendida como mudança) de participação cívica e politica; num tempo marcado por tantas clivagens, não só ideológicas – oriundas do passado ou geradas pelo presente, mas, igualmente sociais, civilizacionais, religiosas, etc. Um tempo que exige a consciência de mim e a consciência do outro, geradora de atitudes de construção plural de um mundo cada vez mais pequeno ou, no mínimo, mais próximo. Por isso sublinho que através da História “ o aluno constrói uma visão global da complexa sociedade em que vive e assume consciência da permanente mudança no tempo, bem como da dimensão abrangente e plural do Mundo”[1]. Ou ainda, “ a História continua a assumir um papel decisivo na formação do aluno para o exercício da cidadania”[2]. Queremos, certamente, homens e mulheres competentes (processo de desenvolvimento de capacidades específicas que o processo de ensino / aprendizagem prevê), mas homens e mulheres cada vez mais conscientes dos seus destinos pessoais e comunitários, interventivos, capazes de gerar respostas fundamentadas e sólidas aos desafios que cada hoje coloca a todos nós. O ensino da História coloca-se aí, ao lado de outros conhecimentos: a incentivar positiva e conscientemente no processo de construção do presente, cujo passado é suporte e o futuro um devir que nos pertence.
Carlos Alberto da Graça Godinho
[1] Natércia Crisanto et Aliud, Olhar a História 8, Porto, Porto Editora, 2004, p.4
[2] Ibidem.

(Texto escrito para o Jornal da Escola Secundária da Mealhada, no Ano Lectivo 2004/2005)