quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Inquietações!

Não posso deixar de registar aqui, hoje, um conjunto de inquietações que senti perante as notícias que nos vão chegando: os fogos na Grécia, a morte de um adolescente em Inglaterra e a morte do jogador espanhol , António Puerta.

1. Não existem palavras para descrever o drama e a angústia dos nossos irmãos gregos, perante um drama nunca visto como o dos incêndios que ali lavram, particularmente na Península do Peloponeso. É horrível o “espectáculo de morte” e o drama da perda total de bens. Imagino a angústia de quem vive este drama.
Mas, mais ainda, a ser verdade aquilo de que se suspeita, de que existem motivações políticas por detrás destes incêndios, então o “horror” torna-se maior. A pergunta só pode ser: que motivações – a não ser a loucura! – poderão conduzir alguém a pôr em causa, deste modo, a vida e os bens dos seus concidadãos? Se se provar que existem motivações políticas, então digamos que é hora de acabar com estes políticos e estas políticas!
E o paradoxo é mesmo esse (a provarem-se essas motivações!): falamos de um país onde nasceu a democracia e onde todos eram responsáveis uns pelos outros. Se assim for, não será hora de repensar os modelos políticos sobre os quais assentam as nossas governações? Bom, espero que outras motivações possam estar por detrás deste drama. Todavia, não acredito que perante aquelas centenas de fogos apenas existam pirómanos. Há um mundo que temos de repensar!


2. Vivemos num mundo perfeitamente louco, em que os valores se subvertem, e no qual, depois, nos lamentamos das nossas próprias acções. Não sei que motivos podem estar por detrás da morte daquele adolescente inglês, que regressava a casa depois de um jogo de futebol (por isso a base deste comentário é ainda incipiente), mas é certo que muitos dramas de morte entre jovens e adolescentes resultam de má formação que vão construindo ao longo da vida. E falo de má formação ao referir o permanente acento na violência que hoje povoa a mente das nossas crianças e adolescentes. Olhemos para os brinquedos que lhes oferecemos, para os filmes, os jogos, as consolas… que colocamos nas suas mãos. Existem jovens, hoje, que passam muito do seu tempo a divertirem-se com a violência. Não terá esta realidade consequências no seu crescimento e nas suas atitudes? Será a violência meramente uma realidade lúdica, sem consequências na formação de alguém, capaz de passar com o tempo? Espero bem que sim! E que o futuro não nos traga pequenos “monstros” que fomos alimentando paulatinamente. A realidade pode até ser outra, mas julgo que não podemos ficar descansados, acolhendo a dose de violência que se nos impõe, como se ela fosse uma simples brincadeira sem significado. Mas aqui deixo a palavra aos psicólogos, que, certamente, muito têm a dizer a este respeito.

3. A morte do jovem futebolista espanhol, do Sevilha, António Puerta, chocou-me terrivelmente. Como já me havia chocado a morte do nosso Fehér. Particularmente por se tratar de um jovem, no início da sua vida, com apenas vinte e dois anos. Ficamos sempre sem resposta perante notícias destas. Mas não deixa de me recolocar as questões de fundo: que sentido tem a vida? Que segurança podemos encontrar nos nossos sucessos, nos nossos projectos, nas nossas conquistas? Aquele jovem tinha conquistado já o seu reconhecimento, a partir do seu talento, e tinha direito a continuar a sonhar – pessoalmente, profissionalmente, familiarmente, socialmente... Tinha um futuro à sua frente. A vida tem de ser mais justa! E acredito que um dia (ainda que já hoje, “como num espelho”) possamos compreender o sentido profundo do nosso existir. Senão a vida seria uma espécie de presente envenenado. E acredito (e espero!) que o não é!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

AquaJovem!

Uma boa sugestão para o fim de semana de 31 de Agosto, 1 e 2 de Setembro. Um evento organizado pela Associação de Jovens Cristãos de Luso, inserido nas comemorações dos seus 25 anos.
Os objectivos, programa e informações podem encontrar-se em:

Só existem caminhos!

Relia, há pouco, um pensamento escrito pelo Pe. Vasco Pinto de Magalhães, que aproveito para partilhar aqui:
Há pessoas que estão sempre à espera de milagres, pensam que têm o direito de que Deus lhes faça a vontade e resolva os seus problemas. Como isso não acontece, desanimam e dizem que não têm fé. Não vêem que o único milagre que Deus faz, ou quer fazer, é dar-lhes força e sabedoria para serem elas a resolver os seus próprios problemas. Não existe o Deus das soluções, só existe o dos caminhos.

In Não há Soluções, Há Caminhos

Um pensamento bem interessante, que temos de ter presente em muitos momentos da vida. E afinal, nem por isso é um Deus mais ausente. Bem ao contrário, é um Deus bem presente!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Contributo da Fé!

Dizia Humberto Pagiola que "a fé pode não mover montanhas, mas ajuda a subi-las". Assim é, na verdade. Muitas vezes, sentimos que a ligação a Deus não nos retira dos problemas que temos de enfrentar (tão pouco retirou o próprio Jesus Cristo), mas dá-nos o sentido da presença do Outro e a força interior necessária para continuar a lutar. Diante de muita gente que afirma que o recurso à fé é um baluarte dos fracos, vale a pena dizer que ela é um baluarte que nos fortalece. Principalmente porque, enquanto abertura a Deus, nos permite contar com a força desse Outro que me acompanha no mistério da minha vida. Por outro lado, ajuda-me a assumir o compromisso com a minha existência, porquanto me confronta com o modelo de vida que é Jesus Cristo. Nesta medida, qualquer experiência humana - mesmo que por mais dolorosa - pode ser vivida como abertura amorosa aos outros, fazendo-me sair do meu isolamento. Pela fé, tudo ganha absolutamente um sentido novo. Até a própria morte. Como escrevia João Azevedo Mendes, na introdução ao livro do Pe. Vasco Pinto de Magalhães, Não há Soluções, Há Caminhos, "ter fé é outro modo de dizer que temos futuro, que podemos ser felizes se quisermos".
A fé é esse alicerce da nossa existência, que nos faz assumir o presente com todas as consequências do simples viver e nos permite vislumbrar um futuro, transformado em esperança.

Padre no desemprego!

Na sequência de um artigo publicado no blog Padres Inquietos (artigo entretanto publicado no DN de 28 de Junho passado) a propósito de padre no desemprego, deixei os seguintes comentários, que aqui reproduzo:

1º Comentário:

Perante o artigo, dois comentários:
1 - Sem dúvida que um padre continua a ser um homem livre e deverá assumir as opções que, em cada momento, entender. Isto é, se a sua realização não passa pelo exercício do ministério, tem todo o direito a ser dele dispensado quando o pede. Eu próprio - padre em exercício - afirmei um dia ao meu bispo: «Se Deus respeita a minha liberdade, não posso entender como é que a Igreja, pela imposição das mãos de um Bispo, julga tê-la anulado». Portanto, o exercíco do ministério tem de ser algo livre e querido por cada um!
2 - Não consigo, todavia, entender como é que um padre que deixa o ministério não procura assegurar uma vida digna. Não pode estar à espera que a Igreja resolva os seus problemas imediatos. Tem de saber procurar uma nova forma de vida. E devo dizer que muito me preocupa ver colegas que abandonaram sem terem, depois, meios de subsistência. Têm de ir à luta. Não podem vitimizar-se ou ficar numa atitude de inércia. Já agora, ainda: quanto ao aproveitamento de quem deixou o ministério, julgo que esse será um caminho absolutamente necessário. Eu próprio o defendo. Todavia, isso não anula o que expus anteriormente.
Abraço a todos.
2º Comentário:
Tenho acompanhado este debate de ideias, que vai muito para além do caso do Francisco, que muito respeito e gostaria de ver feliz, a todos os níveis. Para reforçar a primeira ideia do meu comentário anterior, deixo aqui uma expressão de Hans Küng (um teólogo mal amado, mas de uma enorme pertinência) no pequeno livro que me foi emprestado: "Por que ainda ser Cristão?". Diz ele: "se quisermos ser cristãos, não podemos exigir exteriormente liberdade e direitos humanos para a Igreja e deixar de reconhecer interiormente esses direitos." Penso que vem bem a propósito. Toda a acção na Igreja tem de ser livre; só assim podemos ser fiéis a Jesus Cristo, que nos diz: "quem quiser...", nunca obrigando, mas fazendo sempre um desafio livre à opção de cada um.
Abraço.
Pe. Carlos

Formação de Catequistas!

«A formação dos catequistas é actualmente uma das tarefas mais urgentes das nossas comunidades, pois, “o catequista é de certo modo, o intérprete da Igreja junto dos catequizandos” (DCG 35).
“Qualquer actividade pastoral que não conte para a sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade” (DGC 234); portanto, é preciso contar com uma adequada pastoral de catequese que possa:
Suscitar vocações para a catequese;
Distribuir melhor os catequistas entre os diversos sectores;
Organizar a formação dos catequistas (de base e permanente);
Atender pessoal e espiritualmente os catequistas e formar um grupo de catequistas integrado na vida da comunidade.
O objetivo principal da formação do catequista é o de prepará-lo para comunicar a mensagem cristã àqueles que desejam entregar-se a Jesus Cristo. A finalidade da formação requer, portanto, que o catequista se torne o mais capacitado possível para realizar sua missão.»


Este pequeno apontamento foi retirado do sitio http://www.presbiteros.com.br/ Na verdade, encerra um desafio dos mais urgentes feito às nossas comunidades, nos dias de hoje - a transmissão da fé e o modo como o podemos e devemos fazê-lo. Não é por acaso que este tem sido o tema em debate nas últimas sessões da nossa Conferência Episcopal; nem, igualmente por acaso, que será tema de reflexão nas Jornadas Pastorais, no próximo mês de Setembro, para os padres da Diocese de Coimbra. É um tema verdadeiramente da máxima urgência!
E há tanto a fazer, a este nível, nas nossas comunidades! Bastaria colocarmo-nos, sériamente, a pergunta: qual a qualidade da transmissão da fé na minha Comunidade Paroquial? Que Deus nos ajude a privilegiar esta tarefa prioritária da Igreja!

domingo, 19 de agosto de 2007

Homenagem!

Se fosse vivo, o Senhor Pe. Abílio Simões completaria hoje, dia 19 de Agosto, 62 anos. Passados seis meses sobre o seu falecimento, continua a haver um sentimento imenso de perda. Se é certo que o choque inicial se atenua, a saudade do amigo, do companheiro, do padre, persiste! E é curioso que após a perda notamos melhor o bem que tivemos.
Igualmente se completaram cinquenta anos sobre a data de ordenação sacerdotal do Senhor Pe. Virgílio Gomes, no passado dia quinze. Acontecimento que ele estava a preparar com tanto entusiasmo e que não chegou a celebrar. Morreu cerca de cinco meses antes dessa data. Recordei-o, no passado dia 15, numa celebração de Bodas de Ouro Sacerdotais, com o pároco da minha paróquia natal, seu colega de curso.
Continuo a olhar à volta e a sentir o peso da perda e de uma certa solidão. Seis meses em que eu permaneço como único padre residente no espaço deste Arciprestado.
Curioso que mesmo que não nos vissemos com frequência (o que com o padre Abílio não acontecia, até porque me cruzava muitas vezes com ele), a certeza de que eles estavam ali era conforto e alento, o que agora não acontece. Tanto mais que o presbitério vive uma comunhão "sui generis" (prefiro chamar-lhe assim - sem queixa alguma, apenas como constatação), em que cada um continua a cuidar da sua vida e do seu trabalho. O sentido de corresponsabilidade é algo de muito diluído, vivendo cada um no seu pequeno mundo (como muitas vezes eu, no meu!...)
É por isso que hoje sinto mais essa ausência; e confrontar-me com uma imagem de quem desaparece faz surgir ainda um nó no intímo do coração!

Obs. Ainda que a data de publicação seja 20 de Agosto, comecei a escrever nos últimos minutos do dia 19. Na verdade, tudo é passageiro e, como diz a lenda, Cronos devora os seus própros filhos!

sábado, 18 de agosto de 2007

Exemplo!...

"A estrada é longa pelo preceito, mas curta e fácil pelo exemplo. O exemplo convence-nos mais do que as palavras."
Séneca

Vale bem a pena reflectir sobre este pensamento. E aplica-se a toda a nossa vida!

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Nova Evangelização!

Na sequência de um jantar com uma família, aqui no Luso, conversava com o Eng. Rui Mesquita, Diácono Permanente do Patriarcado de Lisboa, sobre a sua acção Pastoral. Sabia já que tinha estado envolvido no Congresso da Nova Evangelização. Não conhecia, todavia, a proposta de formação cristã que surgiu a partir daí. Dizia-me o Rui (ele não se importa que o trate assim!) uma coisa muito interessante: "Se a Igreja persisitir em não querer mudar nos seus métodos, não só deixa de falar ao mundo moderno, como - mais ainda - deixa de ser reconhecida por este! A Igreja, por isso, deixa de criar cultura!" Achei muito interessante a expressão!Foi igualmente curioso perceber os três pilares sobre os quais se pretende efectuar esta Nova Evangelização: conversão, oração, acção.
Mas de toda a conversa, eu prório sublinhava duas notas importantes: em primeiro lugar, a Igreja tem de abrir-se à experiência de outros quadrantes, na capacidade de resposta aos tempos modernos; os bispos e os padres não são os únicos "iluminados" no sentido de saber como fazer para que o Evangelho chegue hoje à vida das pessoas. Em segundo lugar - e aqui eramos unânimes - a Igreja necessita de uma formação que seja cada vez mais existencial e não tanto intelectual. E este pode ser o nosso "pecado".
Foi uma conversa interessante com alguém que, além do ministério, tem desempenhado ao longo da vida tarefas de gestão, nomeadamente em multinacionais. Penso que a partilha, o caminho em conjunto, a troca de opiniões e, sobretudo, a humildade para aprender, será caminho fecundo para o objectivo a que todos nos propomos: anunciar o Evangelho ao homem de hoje, históricamente situado.
Se nós não tivermos esta humildade, podemos correr o risco de querer anunciar ao homem de hoje tendo como referência o homem de ontem. E, por isso, falhar esse objectivo que nos propomos. Não será esta, em parte, a nossa dificuldade? Não estarão os nossos métodos de Evangelização desadequados e, assim, incapazes de falar à vida dos nossos contemporâneos?
No mínimo, julgo que esta é uma reflexão que cada vez mais se nos impõe!
Para sermos fiéis ao Senhor da Messe e aos homens, a quem nos envia!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Estar com as pessoas!

Ontem, após ter celebrado uma Eucaristia com vários baptismos, necessitei de regressar à Igreja para recolher uma ficha que necessitava para a Missa seguinte. Entretanto, os pais de uma das crianças baptizadas pediam-me que tirasse uma fotografia com eles. Respondi-lhes de imediato que tinha muita pressa, pois estava já atrasado para a Missa seguinte. Mas acedi e fiz a fotografia com eles. Enquanto me dirigia para a outra paróquia pensava nisto mesmo: quantas vezes andamos tão absorvidos com a multiplicidade de celebrações, de compromissos que pressionam o relógio, e não temos tempo para as pessoas. Entretanto, consciencializava o pedido daquele jovem casal, tão simpático, e de como pode ser importante para eles a presença do seu pároco e um simples registo de um momento tão significativo nas suas vidas - o baptismo do seu primeiro filho. Ainda bem que acedi, que abracei aqueles pais e que aquele registo se poderá manter.
De facto, parece que se inverteu a vocação presbiteral: somos cada vez mais solicitados para a prática sacramental e temos cada vez menos tempo para as pessoas. E estas é que deveriam ocupar o primeiro lugar na nossa acção. Relembro a atitude do próprio Jesus de Nazaré, que acolhia, escutava, partilhava a mesma mesa, perdoava, olhava, abraçava... E nós? Que fazemos do nosso ministério? Estamos verdadeiramente ao lado das pessoas, ou actuamos para as pessoas? Serviu-me de exemplo aquele pequeno gesto: as pessoas necessitam de nós e nós das pessoas. Se nos limitarmos a fazer coisas tudo será muito mais vazio - humanamente, psicológicamente, afectivamente e espiritualmente!
Que Deus nos dê tempo para dispensarmos às pessoas a quem somos enviados, estendendo-lhes as nossas mãos e sabendo receber as suas!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Saber valorizar-se!

Deixo-vos este pensamento que acabo de ler:
«O importante na vida
é aprender a arte de se valorizar.
Não se consegue valorizar os outros
sem primeiro dar valor a si próprio;
não se consegue confiar nos outros
sem primeiro se crer em si mesmo.
Não se tem condições de cativar alguém,
se primeiro não houver amor próprio.
É preciso amar-se para viver em paz,
com a vida e com os outros.»

In Tarcila Tommasi, Mensagens de Sabedoria, Ed. Paulinas, p. 27.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Publicação dos Livros Litúrgicos segundo o rito de São Pio V.

Depois da notícia anterior, esta é para mim menos agradável, embora seja consequência do que já sabemos. Enfim.... não sei se é este o caminho (e nem me peçam para acreditar, neste caso, na infalibilidade do Papa, pese embora este assunto não ser dogma de fé!). É, naturalmente, uma consequência do que já considerámos atrás! Que Deus nos ilumine!

Nota: Ressalvo a beleza do Missal e da notação gregoriana, que muito aprecio. Embora em contextos específicos!

A aplicação prática do Motu Proprio "Summorum Pontificum", de Bento XVI, implica que os quatro livros litúrgicos necessários para as celebrações litúrgicas na forma anterior ao Concílio sejam reimpressos.Uma nota explicativa da sala de imprensa da Santa Sé sobre este documento do Papa sublinha que os livros vão contar com novas impressões, a cargo de casas especializadas neste tipo de trabalho, com a "recognitio" da comissão pontifícia competente.A última versão do Missale Romanum, anterior ao Concílio, que foi publicada sob a autoridade do Papa João XXIII em 1962 e utilizada durante o Concílio, poderá ser usada como forma extraordinária da celebração litúrgica, o mesmo se aplicando ao Rituale Romanum (Ritual Romano, para os Sacramentos do Baptismo, Matrimónio, Penitência e Unção dos Doentes), o Pontificale Romanum (Pontifical Romano, para a Confirmação e a Ordem), e o Breviarum Romanum (Breviário), para os padres que assim desejarem recitar a Liturgia das Horas.O Rito de São Pio V, que a Igreja Católica usava até à reforma litúrgica de 1970 (com algumas modificações, a últimas das quais datada de 23 de Junho de 1962) foi substituído pela Liturgia do "Novus Ordo" (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.Com o novo documento, Bento XVI estende a toda a Igreja de Rito Latino a possibilidade de celebrar a Missa e os Sacramentos segundo livros litúrgicos promulgados antes do Concílio.Esta aprovação universal significa que a Missa do antigo Rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem, sem necessidade de autorização hierárquica (licença ou indulto) de um Bispo.Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio continuarão, contudo, a constituir a forma ordinária e habitual do Rito Romano.A propósito do Missal de 1962, em latim, recorda-se que se trata de um Missal "plenário", "integral", que contém também as leituras das celebrações. Prevê uma só Oração Eucarística (o Cânone Romano, I Oração Eucarística do Missal conciliar).Boa parte das orações (mesmo da Oração Eucarística) são recitadas pelo celebrante em voz baixa. No final da Missa, recita-se o prólogo do Evangelho segundo S. João.Este Missal de 1962 não prevê a concelebração. Nada diz sobre a orientação do altar e a posição do celebrante, voltado ou não para a assembleia.
Notícia da Agência Ecclesia de 02/08/07

Nova divisão territorial na Diocese de Portalegre - Castelo Branco

"D. José Francisco Sanches Alves, Bispo de Portalegre-Castelo Branco, publicou um decreto em que apresenta a Diocese dividida em apenas 5 Arciprestados, em vez dos 14 que têm vigorado até agora.O prelado fundamenta a nova divisão nas seguintes razões: "É tradição da Igreja agrupar as paróquias com características comuns e proximidade geográfica em Arciprestados, com o duplo objectivo de optimizar o trabalho pastoral em cada zona e de facilitar os encontros periódicos dos clérigos, destinados à formação permanente e à programação de inter-ajuda pastoral".O número de Arciprestados de cada Diocese varia ao longo do tempo, conforme as conveniências pastorais de cada época. Segundo D. José Alves, na Diocese de Portalegre-Castelo Branco "alteração dos condicionalismos sociais e pastorais, ocorrida nos últimos tempos, aconselha a que se proceda a uma reestruturação dos Arciprestados, reduzindo o seu número e alterando a sua composição".Tendo em conta "a progressiva redução do número de sacerdotes diocesanos e a diminuição e envelhecimento das populações das paróquias rurais" e verificando, por outro lado, que nos últimos anos melhorou significativamente a rede viária e a facilidade de deslocação de umas paróquias para as outras, procedeu-se então à nova organização dos Arciprestados".

Esta notícia foi retirada da informação da Agência Ecclesia. Aqui está o dinamismo de um Bispo que é capaz de adequar as circunscrições territoriais aos novos contextos pastorais, sociais, geográficos e até de novas possibilidades de comunicação. Tudo numa perspectiva de optimizar o serviço às comunidades, agilizando o serviço pastoral. É disto que necessitamos, de facto! De quem tome decisões fundamentadas e procurando adequar as realidades aos novos contextos, de modo a que a Igreja continue a exercer a sua Missão de forma mais capaz!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Partidos Políticos!

É curioso o facto de a história nunca se repetir, mas de assumir expressões semelhantes, como se fosse marcada por uma dinâmica de espiral – em pontos diferentes, realidades semelhantes. Isto vem a propósito dos partidos políticos. Surgidos na segunda metade do século XIX, com o partido Regenerador e o partido Histórico, que havia de dar lugar, na década de 70, ao partido Progressista, logo acompanhados pelo Partido Republicano e do Socialista, definiam-se como “organização política que procura pôr em prática um conjunto de princípios ideológicos, através da confiança e apoio[1] dos cidadãos, manifestados em eleições”[2].
A verdade é que, na conjuntura da época, marcada essencialmente por um profundo elitismo e por um forte analfabetismo das populações, os partidos se resumiam a uma participação de algumas elites citadinas e, quando muito, a uma ou outra elite rural.
Os tempos mudaram: as nossas populações não são já – felizmente – analfabetas; o sentido de participação foi-se conquistando, consolidando-se o verdadeiro conceito de democracia; algumas elites foram-se diluindo (as sociais, de nome, de bom nascimento, mas não as de interesses económicos e, sobretudo, as oligarquias). Crescemos, indiscutivelmente, com o 25 de Abril (quando eu ainda era criança) para um novo sentido de participação. E quanto as memórias me permitem, essa participação foi muito intensa, efervescente, de confronto de ideias e de procura de novas soluções face a um passado recente ainda muito presente. Importava mobilizar toda a gente para uma nova configuração social, modelando o país no sentido de saber responder a novos desafios.
Volvidos pouco mais de trinta anos, todavia, essa mobilização começa a definhar. Os mais velhos manifestam-se ou desencantados, ou desmobilizados, agastados com propostas que não respondem senão aos interesses de novas elites que, entretanto, se foram formando, geradas no interior dos aparelhos partidários. Os mais novos, por seu turno, distanciam-se cada vez mais da política, encontrando-se hoje cada vez mais jovens apartidários e descomprometidos face ao exercício do direito de voto. Para muitos, votar é algo sem interesse, incapaz de os mobilizar.
Esta dupla situação vai-se agravando, conduzindo cada vez mais a um esvaziamento do conceito de partido político. Cada vez menos eles são motivo de confiança e de apoio dos cidadãos. Cada vez mais perdem as suas bases populares e se tornam, num novo contexto social, expressão dessas novas elites.
É neste sentido que a história parece conduzir-nos a um ponto comum: a luta entre pequenos grupos partidários, sem diferenças substanciais entre si, almejando apenas o exercício do poder. E o povo, essa base da democracia, está distante, porque desconfia, é distanciado, se desmotiva e deixa de participar.
Durante muito tempo, na segunda metade do século XIX, o poder foi transitando entre Regeneradores e Progressistas (inicialmente Históricos, como referi), em governos que se sucediam, sem grandes novidades para o desígnio nacional (pese embora o impulso logo inicial de Fontes Pereira de Melo; ainda que este tivesse de apelar à banca estrangeira devido à imobilidade dos potenciais investidores nacionais).
Portugal parece, hoje, ter regressado às décadas de 70 e 80 do século XIX. Particularmente à de 80, já que lhe falta o dinamismo de novas sensibilidades que marcaram o pensamento político português da década de 70.
Os maiores partidos políticos portugueses de hoje (com destaque para o PS e o PSD) parecem assemelhar-se aos piores momentos dos partidos Regenerador e Progressista. Ideologicamente próximos um do outro, parecem mais interessados numa luta de poder (interno e nacional) do que assumir verdadeiros desígnios nacionais.
O povo, repito-o, é cada vez mais uma “massa” desconfiada e desinteressada. Veja-se a tendência da abstenção nos actos eleitorais; vejam-se os comentários públicos, que nos chegam pelos meios de comunicação; vejam-se os índices de participação alargada nos aparelhos partidários.
Os partidos políticos são hoje, como ontem, o feudo de alguns, no sentido de salvaguardarem os seus interesses.
Não gostaria de terminar com notas negativas. Neste sentido, direi que, mesmo no meio de muitas incongruências ideológicas e sociais, o governo se vai esforçando por responder ao país real. Não sei se consegue, mas nota-se algum esforço.
Por outro lado, surgem cada vez mais movimentos de cidadãos e de independentes (mesmo que provenham de forças partidárias), capazes de refrescar o “pântano”[3] político nacional. E esta pode ser uma esperança, levando a cabo, a prazo, o desígnio de galvanizar de novo as bases da democracia, de modo a que se restitua o verdadeiro exercício do poder ao povo e não se mascare essa democracia com uma aparência que a poucos continua a enganar.

[1] O itálico é nosso.
[2] António Domingues de Almeida et Aliud, Dicionário Breve de História, Lisboa, Editorial Presença, 1996, p. 153.
[3] A expressão é de um notável político português – António Guterres – quando se demitiu do governo e deixou de exercer as funções de primeiro-ministro. Daí para cá, parece-me, as areias mudaram-se na voragem das águas, mas o pântano ainda não se consolidou.
Carlos Alberto Godinho

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

O mar, à noite...


O mar, à noite, faz-me ser mais eu:
obriga-me a entrar em mim
e a compreender-me em toda a minha verdade.
O mar, à noite, fala-me de mim!

Regresso ao Mar!...

Parafraseando Sofia de Mello Breyner Andresen:

Quando eu partir,

Hei-de voltar,

Para viver junto ao mar

o que eu não vivi!