terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Nova Lei do Divórcio!

Acabo de ver o debate sobre a nova lei do Divórcio, no programa «Prós e Contras». Entre argumentos e contra argumentos (nem sempre tão serenos quanto se deveria esperar, como sinal de realidade amadurecida!), acabo por concluir que a nossa vida em sociedade tem cada vez menos consistência. Isto é: cada vez mais o nosso viver conjunto assenta num mero sentimento pessoal, relegando para segundo plano a dimensão do compromissos assumido; a noção do dever para com o outro. Não me manifesto quanto às virtualidades e defeitos da nova lei. De resto, nem sou jurista, nem tive oportunidade de ler a nova proposta. Parece-me é que o conceito de base, que suporta uma relação, assenta cada vez mais num sentimento e menos num compromisso das partes. Com esta nova concepção, vem ao de cima o conceito de amor assumido pelo comum da sociedade. Será o amor um simples sentimento? Não será também uma exigência de doação e de construção da relação com o outro? Em que valores se fundamenta a união matrimonial?
Bem... a discussão será vasta... Mas parece-me que a nossa vivência social assenta cada vez mais numa visão hedonista da vida, em que o sentido de compromisso, de dever, a noção de exigência como forma de constutir uma vida verdadeiramente humana, são postergados para uma concepção passadista que nada tem a ver com a modernidade. Não sei se a breve trecho não viremos a ser as vítimas desta fragilidade em que fazemos assentar as nossas vidas em comum...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pós-Modernidade!

Quando falamos tanto em pós-modernidade, achei interessante colocar aqui um breve resumo do que se entende por este nosso período da História:
«Pós-modernidade é a condição sócio-cultural e estética do capitalismo contemporâneo, também denominado pós-industrial ou financeiro. O uso do termo se tornou corrente, embora haja controvérsias quanto ao seu significado e pertinência. Tais controvérsias possivelmente resultem da dificuldade de se examinarem processos em curso com suficiente distanciamento e, principalmente, de se perceber com clareza os limites ou os sinais de ruptura nesses processos.
Segundo um dos pioneiros no emprego do termo, o francês
François Lyotard, a "condição pós-moderna" caracteriza-se pelo fim das metanarrativas. Os grandes esquemas explicativos teriam caído em descrédito e não haveria mais "garantias", posto que mesmo a "ciência" já não poderia ser considerada como a fonte da verdade.
Para o crítico
marxista norte-americano Fredric Jameson, a Pós-Modernidade é a "lógica cultural do capitalismo tardio", correspondente à terceira fase do capitalismo, conforme o esquema proposto por Ernest Mandel.
Outros autores preferem evitar o termo. O sociólogo polonês
Zygmunt Bauman, um dos principais popularizadores do termo Pós-Modernidade no sentido de forma póstuma da modernidade, atualmente prefere usar a expressão "modernidade líquida" - uma realidade ambígua, multiforme, na qual, como na clássica expressão marxiana, tudo o que é sólido se desmancha no ar.
O filósofo francês
Gilles Lipovetsky prefere o termo "hipermodernidade", por considerar não ter havido de fato uma ruptura com os tempos modernos - como o prefixo "pós" dá a entender. Segundo Lipovetsky, os tempos atuais são "modernos", com uma exarcebação de certas características das sociedades modernas, tais como o individualismo, o consumismo, a ética hedonista, a fragmentação do tempo e do espaço.
Já o filósofo alemão
Jürgen Habermas relaciona o conceito de Pós-Modernidade a tendências políticas e culturais neoconservadoras, determinadas a combater os ideais iluministas

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Crise de Vocações!

Dizemos, frequentemente, que estamos a passar por uma crise de vocações. E é verdade: à semelhança de outros momentos da História da Igreja, atravessamos uma crise de vocações!
Mas eu pergunto-me: que crise de vocações? Serão apenas as vocações de consagração - sacerdotais, religiosas, de leigos consagrados - que estão em crise? Parece-me bem que não. Sem ser pessimista, julgo que a crise é muito mais generalizada: temos uma crise de vocações baptismais, que é tranversal a toda a comunidade cristã. Por isso me «irrita» quando leio alguns comentários que persistem em culpar os padres da falta de leigos empenhados. Na verdade, assumo que existiu (talvez ainda exista em determinados sectores) uma prática excessivamente clericalizada, que ainda hoje enforma as nossas vivências e limita a participação de todos. Mas, a mais de quarenta anos do Concilio Vaticano II, com tantas acções de consciencialização, de «promoção» e de formação dos leigos, será que também estes estão disponíveis para assumir, de pleno direito, a missão que lhes pertence? Sem querer entrar nesta «questão» de padres versus leigos, não deixo de considerar a dificuldade que hoje continuamos a encontrar para empenhar um maior número de baptizados na missão da Igreja. Quantas vezes nos é dificil contar com uma participação disponível e empenhada de alguns leigos nas nossas comunidades, no sentido de estas realizarem integralmente a sua missão!... É verdade que temos leigos muito generosos! Aliás, homens e mulheres que são enexcedíveis no seu compromisso, sobre quem - quantas vezes! - recaem depois um excesso de exigências e de tarefas. Tanto mais que a sua missão laical não se esgota, nem é prioritáriamente um serviço interno às estruturas da comunidade. Este é um assunto a que espero voltar. Mas fica aqui o meu registo: estou convencido que a «crise» não é só de vocações consagradas; é muito mais - é de vocações baptismais! E este é o maior desafio que se nos coloca: despertar cada um para a missão que lhe pertence; que não é apenas um direito, mas igualmente um dever, no seio da comunidade Cristã.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Filme "A Missão"!

Acabo de rever o Filme "A Missão", de Roland Joffé, com Robert de Niro e Jeremy Irons. Se é certo que hoje releio com maior clarividência a história que sujzaz a esta ficção - a relidade da Missão dos Jesuítas na América -, não deixa de ser verdade (sem anacronismos!) que em nome da vontade de Deus muitas vezes se procurou a vontade humana. Na verdade, subjaz a este filme uma questão inquietante: a luta entre duas concepções ideológicas, políticas e socais da época em que decorre toda a acção, o século XVIII. Apesar de tudo, o drama humano está bem patente. E, de algum modo, hoje, como ontem, corremos o mesmo risco - impôr uma vontade unilateral (de quem tem força!), nem que seja usando o nome de Deus! A história é um dasafio contínuo à nossa consciência. Num contexto mental, cultural, político e ideológico diferente, continuamos a usar o «mesmo nome de Deus» para impôr «uma» vontade unilateral, nem que para isso se oponham religiões, culturas, ou simplesmente expresões como «eixo do mal».... E em «nome de Deus» continuamos a buscar interesses humanos... Com o mesmo drama maior: os mais pobres são sempre os que sofrem, porque esses não têm poder e dependem de quem os governa! O drama não é do passado.... Infelizmente, continua no presente! Neste (e único presente!) em que acalentamos um desejo de um futuro bem mais justo e humano!