sábado, 28 de março de 2009

Bispo de Viseu admite preservativo ( e outras questões!)

Causou algum escândalo a afirmação do Papa, várias vezes repetida como tese da Igreja, de que o preservativo não é a solução para o combate ao vírus da SIDA. Que queriam que ele dissesse? Afirmando que sim, banalizava o valor, o sentido e a vivência da sexualidade, enquanto dimensão do ser humano, centro, símbolo e expressão das relações profundas da pessoa, a viver no amor, na fidelidade (confiança recíproca), na estabilidade e na responsabilidade.
O Papa, quando fala da SIDA ou de outros aspectos da vida humana, não pode fazer doutrina para situações individuais e casos concretos. Neste caso, para relações entre uma pessoa infectada e outra que pode ser afectada com a doença. Nestes casos, quando a pessoa infectada não prescinde das relações e induz o(a) parceiro(a) (conhecedor ou não da doença) à relação, há obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa. Aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório.
E não tenhamos medo ou reserva mental ou hipocrisia de admitir esta doutrina! Não usamos tantos “auxiliares” artificiais para promover a vida e defender a saúde? As intervenções cirúrgicas, os fármacos, as próteses e tantas outras técnicas ao serviço da pessoa, em situação de doença, não são formas de ‘preservar’, defender e promover a saúde?...
Então, porquê esta afirmação do Papa a veicular uma doutrina e, precisamente, na viagem para África – o continente mais atingido por esta doença? Como doutrina, como ideal, como princípio de dignidade, defesa e promoção da vida humana, o Papa não pode dizer outra coisa. Como, também, deverá ser a deontologia do médico, praticando a medicina para promover e defender a vida em todas as circunstâncias possíveis, ainda que, para defender valores em conflito, possa pôr-se perante situações inevitáveis de morte…
Ainda bem que o Papa não cede a tentações de simpatia, facilitismo ou conveniência!... Esta é parte da sua cruz pascal (também da Igreja, dos Bispos, dos Sacerdotes, dos Cristãos) – ter valores e causas a defender para a realização integral da pessoa humana e gastar a vida por eles, ao serviço da dignidade e sentido da pessoa e da sua plenitude. Será falta de hábito e de cultura da exigência e da honestidade, numa sociedade tão relativa, tão mínima e tão pouca ambiciosa e coerente na defesa das pessoas e dos seus valores? Será tão fácil o escândalo farisaico de quem não sabe interpretar as diferenças entre valores e princípios gerais, por um lado e situações concretas e pessoais, por outro?
Sim... Está aqui a grande diferença: a chamada “lei da gradualidade” explica que, existindo a lei geral a afirmar, a exigir e a promover valores, eles não esmagam a pessoa concreta, em situações muito individuais… Eles dão a mão com paciência, tolerância e compreensão para que a pessoa “situada” compreenda, aceite e queira caminhar, ao ritmo de um ideal libertador, defendido por uma lei orientadora. Acredita-se sempre no ideal que a pessoa é chamada a atingir, porque a dignifica e valoriza, ainda que demore algum tempo ou não chegue nunca a atingi-lo.
Este é o papel da formação personalizada e libertadora, dada individualmente ou em pequeno grupo, sempre como desafio à conversão e à vida digna e feliz. O legislador, como referência do ideal a amar e a seguir, não pode deixar de estar acima e ser exigente, apelando, com a sabedoria de mestre e, sobretudo, com o amor e a proximidade de pai, a um grande ideal, percorrendo um caminho juntos, indo até onde for possível. Sobretudo, nunca abandonando a pessoa.
A terminar: como são parciais e intencionais as apreciações da doutrina da Igreja veiculada pelo Papa para o Continente Africano e não só!...
O preservativo teria sido o tema mais importante – quase único? Mesmo a respeito do tema da SIDA, foi a única coisa que o Papa disse?
E outros temas, como a pobreza, a fome, a justiça social (…) e os apelos a que os países ricos cumpram os seus compromissos a favor do desenvolvimento?... E a denúncia de que África não pode ser vista como o “reino do dinheiro”, explorando a sua riqueza e as suas matérias-primas, deixando este Continente entregue à sua insuficiência económica, industrial e financeiramente?... E os desafios, feitos aos jovens, convidando-os à coragem da aventura e a que não tenham medo das decisões definitivas, sabendo que a vida está dentro deles?... E os desafios entreabertos e a aprofundar, quando denomina a África como o “Continente da Esperança”?... E a coragem que o Papa manifesta, ao falar e abordar tantos temas incómodos?... E como entender a coragem e a capacidade de um homem, com quase 82 anos, que enfrenta situações desta natureza para ir falar, no lugar próprio, dos temas e das causas que defende e nos quais acredita, ainda que saiba que são incómodos para tantos?...
Ao serviço de quem estão tantos meios de comunicação social, tantos “opinionmakers” e tantos poderes instituídos, que mais parecem donos ou correias de transmissão de interesses económicos e políticos que dos direitos, liberdades e dignidade da pessoa humana, a começar pelas mais pobres e mais indefesas?...
Alguns perderam mesmo uma grande oportunidade de trazer para a reflexão dos “grandes” os grandes problemas dos “pequenos” que – infelizmente – continuam a não ter voz nem vez no actual (des)concerto das nações.

Ilídio, Bispo de Viseu.
Nota pessoal: Reproduzo aqui este texto por me parecer muito clarividente, humano e verdadeiramente apostólico.

sábado, 7 de março de 2009

Em tempo de Quaresma!....

Em tempo de Quaresma, antes de quereres amar a Deus, deixa que Deus te ame a ti!... Antes de quereres mostrar-Lhe o teu amor, reconhece o Amor que Ele tem por ti... Antes de quereres falar-Lhe do muito que te invade o coração, deixa que Ele te encha da Sua Palavra... Antes de pedires a Paz e a Alegria, deixa que Ele te plenifique... A Quaresma, antes de ser tempo em que procuramos fazer muito, é uma graça em que somos convidados à escuta! No silêncio, na meditação, no despojamento, na confiança.... deixemos-nos abraçar pelo nosso Deus!



Pe. Carlos Alberto Godinho

Caritas quer salvar da SIDA 800 crianças por dia.

A Organização católica diz que os menores foram esquecidos nos esforços da comunidade internacional.
Salvar da SIDA 800 crianças por dia é o objectivo da última campanha global lançada pela Caritas, intitulada “HAART” (Highly Active Anti-Retroviral Therapy – terapia antiretroviral altamente activa), promovendo um maior acesso a testes e tratamento do HIV para os menores.
Com a campanha HAART (com um sonoridade semelhante à palavra coração - «heart» - em inglês), a organização católica para a solidariedade e a ajuda humanitária pede a governos e companhias farmacêuticas que desenvolvam tratamentos que podem salvar a vida de centenas de crianças, a cada dia que passa.
Em comunicado oficial, a Caritas recorda que as crianças nos países mais pobres não têm acesso a medicamentos pediátricos, que lhes poderiam permitir uma vida mais longa e saudável. Por outro lado, quando consegue ser testados, já é demasiado tarde, na maioria dos casos.
A organização católica lembra que muitas das crianças que morrem diariamente nem sequer teriam sido afectadas pelo HIV se as suas mães tivessem sido correctamente tratadas durante a gravidez.
A Caritas convida jovens de todo o mundo a unirem-se à campanha, pressionando os governos e companhias farmacêuticas.
Francesca Merico, delegada da “Caritas Internationalis” junto da ONU, em Genebra, diz que “sem tratamento adequado, mais de um terço das crianças nascidas com HIV irão morrer antes do seu primeiro aniversário e metade delas antes dos dois anos de idade”.
Esta responsável acusa as companhias farmacêuticas de não mostrarem interesse nos tratamentos antiretrovirais para crianças porque estes se destinam, sobretudo, “aos países pobres”.
“Como é possível que o lucro se sobreponha às pessoas? Queremos que os líderes políticos digam às crianças do mundo que promoveram e respeitaram o seu direito à saúde”, conclui Francesca Merico.
Fonte: Ecclesia

quarta-feira, 4 de março de 2009

Página da A.J.C.L - Jovens de Luso

A Associação de Jovens Cristãos de Luso tem já um sitio na internet. O endereço é: http://www.ajcl.org.pt/
Parabéns aos Jovens por este belo espaço e por partilharem com tantos outros, neste mundo da comunicação, toda a sua riqueza e vivência!
O Pároco Amigo:
Pe. Carlos Alberto Godinho