domingo, 13 de setembro de 2009

Centenário do Nascimento do Senhor Reitor!

Ao celebrarmos o centenário do nascimento do Senhor Reitor do Seminário Menor da Figueira da Foz e ao olhar o seu busto no Correio de Coimbra, vem-me à memória a última vez em que o próprio Cónego Tomás Francisco Póvoa o pode olhar. Estava eu ao serviço do Seminário da Figueira e o Senhor Reitor já muito debilitado quando, para o «obrigar» a andar o convidei a ir até ao seu jardim - precisamente aquele onde se situa o seu busto. Com dificuldade, agarrado ao meu braço e à sua bengala, chegou ao jardim, parou frente ao busto, chorou e disse-me: «É a última vez que aqui venho!». Na verdade, continuou a fazer pequenas caminhadas pelo meu braço e, essencialmente, pelo braço das incansáveis empregadas do Seminário, a Senhora Júlia e a Menina Bina, nos corredores da casa do Senhor Bispo; mas voltar ao seu jardim, nunca mais voltou. Algum tempo depois acamava, confinado-se ao seu quarto até à sua partida para o Pai. Nunca mais esquecerei a expressão, a afabilidade e o sentimento de gratidão do Reitor para com os seus alunos - expressa no olhar e na comoção com que reconhecia o preito de amizade e carinho destes, presente naquele busto - o seu! - que pela última vez comtemplaria!

sábado, 12 de setembro de 2009

Acorrentámos Deus!...

Em conversa com algumas pessoas - em que, não raro sobressai a religão - tenho tido a sensação de que institucionalizámos Deus. Ou mais ainda, que O acorrentámos! E isso acontece quando a imagem de Deus que se conhece coincide exactamente com a imagem de Igreja que se detém. Acontece quando nós - homens e mulheres do Sagrado - entendemos que os limites da acção de Deus se configuram com os nosos próprios limites de acção. Quando desejamos que o coração de Deus reaja como o nosso coração. Quando o limite da graça é a nossa última palavra. Pois, mas não: DEUS NÃO ESTÁ ACORRENTADO! E não é, quantas vezes, o que queremos fazer d'Ele, nem tão pouco o seu ser se confunde em absoluto com a instituição Igreja que nos lega. Deus é infinitamente mais (no Mistério do seu Ser, do seu Agir e do seu Acolhimento). Bom seria que muitos irmãos nossos ao querer falar de Deus não se situassem meramente ao nível da Sua Igreja! Que é d'Ele; que é Ele; mas que não o esgota! Vale a pena ver mais longe. Para descobrirmos o Seu verdadeiro rosto!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

No Ano Sacerdotal!....

Ao procurar inteirar-me do que vai acontecendo no Ano Sacerdotal, e privilegiando a internet como fonte de informação - por ser um meio mais próximo e imediato - tenho-me deparado com algumas entrevistas feitas a alguns sacerdotes. Sem qualquer atitude crítica - quem seria eu para o fazer? - fica-me sempre uma sensação de algum vazio quando, na fundamentação da vocação sacerdotal, se sobrevaloriza a Igreja como instituição, a sua doutrina, a sua conduta, o seu projecto... Não porque discorde, no essencial, com a Igreja! Nada disso! Mas porque uma opção sacerdotal só acontece como fruto de um encontro vivo e profundo com uma Pessoa - Jesus Cristo! Só este encontro é catalizador de vivências, de energias, de disponibilidades para servir a Igreja, tal qual é e como desejamos - legitimamente - que seja! Quando o enfoque se coloca na instituição e não no verdadeiro fundamento - a Pedar Angular - fica-me a sensação de que «falta» alguma coisa. Não porque ajuize dos outros - repito; mas porque para mim esse é um fundamento relativamente débil; um suporte quantas vezes falível. Só Ele - na sua Pessoa e na graça que nos concede - tem a possibilidade de ser o esteio e a força de todos os momentos. Por outro lado, tão pouco o encontro com Cristo é um «dado» adquirido! Ao contrário, pressupõe uma descoberta e uma adesão contínua; um confronto e um acolhimento persistente da Sua Palavra e do Seu Espírito! E esta é a graça maior do Ano Sacerdotal - a convocação de cada sacerdote e, consequentemente, de cada presbitério, para o encontro com o Senhor da Messe, que chama, que confirma e que envia! O Ano Sacerdotal torna-se, então, uma graça inequívoca para cada um, porquanto é uma oportunidade de confirmação do chamamento à missão que um dia se aceitou abraçar!