sábado, 26 de abril de 2008

A Riqueza da Igreja!



Se Jesus Cristo não constituiu a sua riqueza

a Igreja é miserável.

Se o Espírito de Jesus Cristo não floresce nela,

a Igreja é estéril.

O seu edifício ameaça ruína,

se o seu arquitecto não é Jesus Cristo

e se o Espírito Santo não é o cimento de pedras vivas

com a qual ela é construída.

Não tem beleza alguma,

se não reflecte a beleza sem par do Rosto de Jesus Cristo

e não é árvore cuja raíz é a Paixão de Cristo.

A ciência de que se ufana é falsa

e falsa é também a sabedoria que a adorna,

se ambas não se resumem em Jesus Cristo.

Ela retém-nos nas sombras da morte,

se a sua luz não é «luz iluminada»

que vive inteiramente em Jesus Cristo.

Toda a sua doutrina é uma mentira,

se não anuncia a verdade que é Jesus Cristo.

Toda a sua glória é vã,

se não está fundamentada na humildade de Jesus Cristo.

O seu próprio nome torna-se estranho,

se não evoca imediatamente em nós o único Nome.

A Igreja não significa nada para nós,

se não é sacramento , o sinal eficaz de Jesus Cristo.


(Henri de Lubac)

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Abril!


Precisamos das ideias... dos ideais... da força... do desígnio... do espírito que fez Abril!... Para que hoje Abril se cumpra, na mesma força e no mesmo desígnio. Para que Abril, por cumprir, brilhe como nova esperança e se torne realidade!
Carlos Godinho

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Incapacidade de Respostas!

Ao confrontar-me com algumas afirmações, seja na televisão, num ou noutro escrito, ou particularmente atento à realidade que me envolve – sem pretensão nenhuma da minha parte! -, sinto que a nossa maior dificuldade, de ministros da Igreja, é a de dar resposta aos grandes desafios que nos são colocados: a problemática da Fé e as «razões» para acreditar; a Moral; o significado da Igreja e sua missão… etc. etc.…
Sinto que no momento em que vivemos se cruzam duas orientações, como dois caminhos que teimam em não se cruzar: as preocupações imediatas da Igreja e as principais questões que se colocam aos nossos contemporâneos!
Nós, homens de Igreja, vivemos assoberbados por um conjunto de tarefas pastorais a que temos de dar resposta, quase maquinalmente programados para responder a tudo, segundo as exigências dos nossos serviços. Os nossos contemporâneos (mesmo que nem todos, num imediatismo que persiste!) debatem-se com questões de fundo: razões para a sua fé, para a sua esperança; reclamando – mesmo que de forma passiva! – uma outra presença de Igreja: mais credível; mais atenta às preocupações de fundo; capaz de responder às suas inquietações; em suma, portadora de razões para acreditar.
Mas responder às inquietações dos nossos contemporâneos pressupõe capacidade de parar para os ouvir; capacidade de escuta das suas aspirações; capacidade de entender as suas dúvidas, as suas incertezas (ou certezas!); capacidade de ler o mundo que nos rodeia.
Mas responder às inquietações dos nossos contemporâneos pressupõe capacidade de reflectir, de aprofundar conhecimentos, de renovar conceitos, de ser credível nas nossas intervenções. O mundo de hoje, na clivagem de ideias, não se compadece de respostas feitas e prontas a servir. Tem de haver convicção, conhecimento, razoabilidade.
Este é o maior desafio que nos é feito!
Em tempo pascal, tomando como leitura os Actos dos Apóstolos – leitura que se renova em cada dia, na Eucaristia – vemos como os discípulos instituíam novos ministérios para eles se de dedicarem à pregação. Nunca descuraram a sua tarefa primordial! Não deixa de ser para mim um questionamento esta atitude! E como respondemos nós às inquietações do nosso tempo? E o que privilegiamos na nossa acção pastoral?
Mais: o que privilegiam os nossos Bispos? O que esperam dos seus padres? O que exigem como tarefa primordial? Uma atitude primária de resposta ao imediato, na voracidade de exigências com que se deparam, ou uma atitude mais profunda de leitura dos tempos e da Palavra que lhes foi confiada, no dia da ordenação, para a anunciarem?
Estas são inquietações pessoais!
Bem sei que uma outra se sobrepõe, e que o mundo hodierno exige de sobremaneira – a autoridade da santidade! A verdadeira autoridade! Todavia, para sermos credíveis não podemos passar ao lado dos homens do nosso tempo. Bem pelo contrário: temos de os conhecer, de os ouvir profundamente, de ler as suas inquietações mais íntimas; para, então sim, responder: de forma credível, autorizada, convicta e esclarecida. Mas isto pressupõe a humildade da procura, a atitude de renovação das linguagens; a capacidade de nunca cristalizar, sob pena de falar ao homem de hoje imerso na consciência do homem de ontem.

Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Centenário do Nascimento de Monsenhor Raul Mira

No próximo dia 3 de Maio, a Paróquia de Luso promove a celebração do Centenário do nascimento de Monsenhor Raul Mira. Este insigne sacerdote, nascido no Luso a 3 de Maio de 1908, foi ordenado presbítero na Sé Catedral de Coimbra, a 4 de Abril de 1931, pelo então bispo Diocesano, D. Manuel Luís Coelho da Silva. Depois de um primeiro serviço pastoral em Ferreira do Zêzere, extremo sul da Diocese de Coimbra, foi em Aveiro que viveu a maior parte do seu múnus sacerdotal. Ali permaneceu de 1937 a 1956, para onde transitou logo após a restauração desta Diocese, exercendo um trabalho inestimável ao seu serviço: foi Pároco da Paróquia da Glória, na cidade; Vigário Geral da Diocese, de 1939 a 1956; Vice-Reitor do Seminário de Aveiro, obra em cuja construção se empenhou ao lado do Bispo Diocesano, D. João Evangelista de Lima Vidal; mais tarde Reitor do mesmo Seminário, onde foi ainda professor.
Igualmente professor na Escola do Magistério Primário de Aveiro, desenvolveu um trabalho pastoral e humano de grande profundidade ao serviço da comunidade humana e cristã a que se dedicou.
Viria a receber a nomeação de Monsenhor, como reconhecimento do trabalho já então desenvolvido, a 27 de Fevereiro de 1947, como Prelado Doméstico de Sua Santidade, o Papa Pio XII.
Em 1957, acompanhando o Bispo de Quelimane, parte em serviço para esta diocese de África, onde permaneceu até 1964. Neste ano regressa ao Luso, sua terra natal, onde lhe são confiados outros serviços pastorais: pároco de Luso e pároco de Vacariça, trabalho que acumulou com o de professor no Colégio da Mealhada.
A 10 de Julho de 1988, gravemente doente, veio a ser dispensado do serviço paroquial de Luso, falecendo na sua residência a 4 de Setembro do mesmo ano.
A comunidade de Luso consciente do carácter da pessoa e do pastor que foi Monsenhor Raul Mira e dos serviços prestados á Igreja, e ainda consciente do carinho que sempre lhe votou, não quis deixar de assinalar esta efeméride.
Assim, das celebrações constam: às 11.00 h – Solene Concelebração Eucarística na Igreja Paroquial de Luso, presidida pelo Rev.mo Senhor D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra; às 12.30h – Inauguração do Busto de Monsenhor Raul Mira, no Adro da Igreja Paroquial; às 13.00h – Almoço no Grande Hotel de Luso, aberto a quem quiser associar-se, mediante prévia inscrição; às 15.00h – Conferência, a proferir pelo Professor Doutor José Carlos Seabra Pereira, sobre a Vida e Obra de Monsenhor Raul Mira, seguida de abertura de exposição, a decorrer nas instalações da Junta de Turismo de Luso.
Esta procurará ser a justa homenagem àquele de quem um dia D. João Evangelista de Lima Vidal dizia: “Ele tem sido a luz dos meus olhos cegos, ele tem sido a respiração do meu peito seco, ele tem sido os braços do meu esqueleto, ele tem sido a vida da minha morte; ele é a alma branca da Diocese de Aveiro”. Nada melhor que esta citação para ilustrar o reconhecimento deste bispo relativamente ao seu trabalho. Mas, em sintonia com o povo de Luso e parafraseando D. João Evangelista de Lima Vidal, se ele foi a alma branca da Diocese de Aveiro, deixou que o brilho dessa alma se estendesse a terras de África e à sua Diocese de origem, terra onde nasceu, se formou e, no final da vida, com tanta afabilidade, soube servir os seus.
A homenagem é, por isso, acção de graças pelo dom que foi para todos e recordação do bem que entre tantos semeou.

Pe. Carlos Alberto Godinho
Pároco de Luso

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Sugestão de Livros!

Hoje quero sugerir, a quem por aqui passar, dois pequenos livros. Pequenos em tamanho, o que permite uma leitura fácil, mas grandes em conteúdo. Quando nos questionamos sobre o porquê de ir à missa, ou o porquê de nos confessarmos, nada melhor que aceitar uma resposta simples, bela, profunda de um teólogo e bispo - Bruno Forte.
Para quem se coloca estas questões, sugiro os pequenos livros, editados pela Paulus, com os seguintes nomes:

Bruno Forte, Porquê ir à Missa ao Domingo?

Bruno Forte, Porquê Confessar-se?

São dois pequenos livros que nos ajudam a ter uma visão bem diversa da realidade. Com um proveito muito maior!

terça-feira, 8 de abril de 2008

A lógica da Cruz!

Fico sempre «incomodado» quando ouço alguém dizer-me - o que é frequente! - que não sabe o que fez para merecer tamanho castigo de Deus! A minha atitude é, imediatamente, de desfazer esta imagem de um Deus negativo, castigador, opressor, quase sádico, que nada tem a ver com o Deus de Jesus Cristo. Será que nós cristãos já entendemos a lógica da cruz? Será que já vimos até onde vai o Amor de Deus? «Ele não poupou o Seu próprio Filho» - diz-nos a Escritura! E não o poupou por Amor de nós! Como podemos falar assim de Deus? Às vezes, parece-me quase ofensivo olhar desta maneira Aquele que tanto nos ama! Olhamos de forma negativa Quem se dá inteiramente por nós! Aprendamos que o sofrimento é consequência do nosso agir, das nossas opções, ou, simplesmente, da nossa natureza e da respectiva liberdade humana. Deus criou-nos frágeis; condição necessária para sermos livres! Mas AMA-NOS! Aprendamos a lógica da cruz!
Além disso, a nossa cruz, por vezes, já é tão pesada! Porque havemos de julgar contra nós Aquele que caminha a nosso lado? Porque teimamos em culpar Aquele que carrega connosco o peso das nossas dificuldades? Amemos o Amor! Ele caminha connosco!