ENSINO SUPERIOR
Este
ano o número de jovens candidatos ao ensino superior aumentou, fazendo com que
as vagas disponíveis, para este nível de ensino, fossem inferiores ao número
dos que se candidatavam. Com efeito, há sete anos que não entravam tantos alunos
no ensino superior.
Indiscutivelmente, estamos perante um efetivo sinal animador; muito
positivo para os jovens, denotando o investimento que estes pretendem fazer na
sua formação; para as famílias, que parecem retomar confiança nalguma
estabilidade económica, investindo na formação dos seus filhos; e para a
sociedade, que vê retomar o investimento na qualificação dos seus jovens,
enquanto capital social ímpar, pois a formação é a base de toda a ação
renovadora de qualquer sociedade.
Contudo, não
basta que nos encerremos nestes números. É necessário que providenciemos a que estes
candidatos, que agora ingressam, possam vir a concluir os seus estudos. Sabendo
que para tanto é essencial que as condições económicas e sociais, que parecem
animar-se, sejam sustentáveis, no médio e longo prazo, para que as famílias
continuem a reunir efetivas condições para manter os seus jovens no ensino
universitário. Isto é, que este fator social animador não se resuma a uma situação
conjuntural, mas se solidifique, como fruto de uma melhoria económica
estrutural, transversal a toda a sociedade portuguesa, tendo como consequência
a melhoria nas condições económicas das famílias e, por conseguinte, o
investimento em termos da permanência da formação.
Por vezes
tendemos a cair em leituras imediatas, sem uma visão alargada da realidade. Se
o número de candidatos ao ensino superior é animador – e é-o, de facto! -,
diria que será muito mais animadora a taxa futura de sucesso dos que agora
ingressam, com a conclusão dos seus estudos. É que não podemos esquecer que o
nível de abandono no ensino superior se tem cifrado, nestes últimos anos, em
valores relativamente altos. A título de exemplo, no ano letivo de 2014 – 2015,
a percentagem de abandono foi de 8,6%. E se é certo que este se deve a
múltiplos fatores, todos temos consciência de que as condições económicas das
famílias são o elemento mais determinante para tal abandono.
Paralelamente a
esta questão, das condições económicas, coloca-se uma outra, que me parece
vital: a necessidade de adequação do ensino superior universitário e
politécnico ao mercado de trabalho, bem como a articulação deste com a
diversidade de áreas de formação oferecidas por este nível de ensino e sua
integração no mercado de trabalho. Neste aspeto parece-me que ainda estamos
muito longe do desejável; não obstante o ensino politécnico, pela sua
especificidade, se aproximar mais da realidade empresarial. Registando, por
isso, um maior acréscimo de novos alunos. Esta articulação é absolutamente
necessária, pois o horizonte da empregabilidade, hoje tão difícil, é um
estímulo determinante para a conclusão dos estudos.
Apesar de
persistirem algumas desconfianças, perfeitamente razoáveis, no mundo do
trabalho, há que criar a consciência de que a formação é sempre uma ferramenta
ímpar, para quem a conclui, e o maior ativo social de que todos podemos
beneficiar. Ainda que o emprego futuro não seja aquele que se idealizou com o
investimento intelectual realizado, a verdade é que a formação, seja ela qual
for, capacita para uma grande diversidade de atividades – direta ou
indiretamente ligadas à área de formação -, permitindo um maior sucesso pessoal
e em termos profissionais. Devemos, por isso, afastar das nossas mentes a ideia
de que não vale a pena estudar, atendendo a que o mercado de trabalho não
absorve todos os que concluem os seus cursos. Formar-se é sempre uma enorme
mais-valia – pessoal, social e laboral! Não devíamos manter-nos tanto numa mentalidade
mais ou menos teleológica, que considera que a formação vale apenas quanto às
suas finalidades imediatas; mas sim investirmos numa mentalidade personalista,
considerando que a formação vale, como contributo ímpar, para a formação e
valorização da pessoa, apetrechando-a, depois, para o exercício de qualquer
tarefa.
No início de um
novo ano, desejo as maiores felicidades a todos os que iniciam estudos
superiores, bem como àqueles que os vão prosseguir ou terminar!
Pampilhosa,
14 de Setembro de 2017
Pe.
Carlos Alberto G. Godinho
(55ª
Reflexão)