sexta-feira, 17 de junho de 2016

Sentido da Comunicação


SENTIDO DA COMUNICAÇÃO

 

   Comunicar é uma ação fundamental da nossa vivência humana – pessoal e social. Comunicar, que tem a sua raiz na expressão latina communicare, significando «repartir, dividir alguma coisa com alguém», tem esta imensa força da partilha – do que somos e do que vivemos!
Assim, tem, por certo, um especial significado falar de comunicação, ao iniciarmos esta colaboração com a Rádio Clube da Pampilhosa, questionando-nos sobre o sentido da nossa comunicação.
   Comunicar confunde-se, frequentemente, com uma simples expressão unilateral de ideias, de pensamentos, de sensibilidades ou de experiências! Ou, o que seria mais grave, a imposição das ideias pessoais, convicções ou sentimentos. O que significaria a sobreposição pessoal sobre os demais.
   Comunicar é uma atitude dialógica, em que o diálogo, como referia, há uns anos, um grupo de trabalho italiano, consiste na capacidade de comunicar o nosso próprio íntimo, a fim de oferecermos ao outro o melhor de nós próprios e, deste modo, prepararmos uma abertura recíproca e profunda que constrói o amor.[1] Não um simples desabafar ou conversar com o outro, mas a vontade de construir uma comunhão profunda.[2] Sabendo que a primeira regra para essa comunhão é precisamente a atitude de escuta e de sincero acolhimento.[3] Implicando verdadeira alteridade, o diálogo pressupõe ainda o respeito infinito pelo outro – pelas suas vivências, ideias, sensibilidades ou convicções.
   Ora, a rádio tem de ser um profundo espaço de diálogo. E sê-lo-á quanto mais próxima estiver dos seus ouvintes! Isto é, quando mais enraizada estiver no âmago das vivências daqueles a quem se dirige.
   Durante algum tempo pensou-se a rádio segundo as orientações e sensibilidades de quem a dirigia ou nelas produzia conteúdos, atendendo a programas credíveis, previamente estabelecidos. Hoje, particularmente com as novas formas de comunicação, a rádio necessita de ser um espaço de escuta, de conhecimento aprofundado do seu auditório, das suas preocupações e das suas aspirações. Para depois, com a sua programação, ir ao encontro dos seus anseios. A rádio tem de tornar-se, cada vez mais, um meio de diálogo – entre pessoas, grupos, sensibilidades, vivências, num esforço de comunhão que abrace a todos. Como referiu o Papa Francisco, a propósito do último Dia Mundial das Comunicações Sociais: «A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade»[4]. Fazer rádio, como meio e instrumento de encontro e de diálogo, é um desafio profundo – no presente e para o futuro!
 
Pampilhosa, 19 de Maio de 2016
Pe. Carlos Godinho
(1ª Reflexão)
  



[1] Cf. CENTRO MISSIONÁRIO PE. FOUCAULD. CUNEO – O Diálogo. Reflexões Comunitárias. Tradução de Frei Paulo Beretta. Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1989, p. 20.
[2] Cf. Ibidem, p. 20
[3] Cf. Ibidem, pp. 28 – 29.
[4] Cf. PAPA FRANCISCO – Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo. Mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Vaticano, 8 de Maio de 2016.