A questão do uso ou não do preservativo, como elemento profilático na prevenção da Sida, tem gerado uma excessiva controvérsia. Agora é o parlamento Belga quem aprova uma «resolução» na qual pede ao governo que «condene as afirmações feitas por Bento XVI», na sua viagem para África. Efectivamente, o Papa reafirmou a perspectiva humanizadora da sexualidade, de acordo com o pensamento da Igreja. Naturalmente, que estamos perante o «ideal», a perspectiva da resposta mais adequada à vivência da sexualidade. Todavia, a Igreja não pode deixar de olhar com compaixão para as realidades concretas, sabendo - sem perder os ideais - apontar caminhos que possam conduzir à opção pelos bens maiores. Neste sentido, a vida será sempre um bem maior; e optar por ela é um dever - que a Igreja proclama e promove. Neste sentido, o uso do preservativo é, óbviamente, um mal menor. Talvez o modo de comunicar necessite de ser revisto - sem deixar de afirmar os ideiais, responder às pessoas em concreto. Por outro lado, é confrangedor o modo como os meios de comunicação veículam as notícias. Nada é enquadrado no seu contexto; não há espaço para a reflexão; para uma abordagem séria das realidades!... Tudo parece reduzir-se ao «slogan», ao imediato, ao truncado... Precisamos de reacertar todos as nossas linguagens - a igreja falando ao homem concreto, em circunstâncias concretas; a comunicação social, assumindo um papel mais sério e criterioso na abordagem das problemáticas que nos faz chegar. Tudo a bem da pessoa humana. Sem interesses parciais, mas sim na busca da verdade - a única que nos convém!
Carlos Alberto G. Godinho