sábado, 14 de janeiro de 2017

Paz!


PAZ 

   Desde há cinquenta anos que se celebra, no primeiro dia de Janeiro, o Dia Mundial da Paz. Iniciativa do Papa Paulo VI, que o instituiu em 1967, com os votos de que este dia fosse celebrado não apenas pelos católicos, mas igualmente por todos os homens, independentemente da sua religião. Assim, a cada ano, o Papa publica uma Mensagem alusiva a este dia, com temáticas muito diversas, que se complementam entre si, no convite a cultivarmos a paz!

   Neste ano de 2017, o Papa Francisco propôs-nos como tema da sua Mensagem: A não-violência estilo de uma política para a Paz.

   Atendendo aos diversos dramas e guerras a que o mundo assiste no presente, o Papa propõe particularmente uma atitude de «não-violência», a viver no âmbito das relações «interpessoais, sociais e internacionais». Registo mesmo, da sua mensagem, esta expressão tão significativa para todo o tipo de relações humanas: «Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais» (nº 1). E fundamenta esta não-violência no ensinamento do próprio Jesus Cristo, que a viveu no drama da Sua morte, quando refere: «Jesus traçou o caminho da não-violência, que Ele percorreu até ao fim, até à cruz, tendo assim estabelecido a paz e destruído a hostilidade» (nº3).

   Na sequência destas duas afirmações, e sem descurar a globalidade da mensagem, com os apelos à paz, em contextos distintos, quis assumir com as comunidades cristãs este desafio, que agora alargo a um público mais vasto, com aquele mesmo convite que, então, formulei: «Vivamos a Paz!».

   Ainda que ansiemos sinceramente pela paz internacional e nos angustiemos com a proliferação da violência, vivida em cenários de guerra, não nos podemos deter meramente aqui; mas sim iniciar o culto da paz no âmbito das nossas relações interpessoais e comunitárias. Correspondendo precisamente ao apelo do Papa Francisco, vivendo a caridade e a não-violência nas nossas relações interpessoais e nas nossas comunidades. Ou seja, nas nossas relações de proximidade. Pois é exatamente aqui que a paz começa – no coração e na decisão de cada um de nós, determinados a viver a paz e não-violência com quem partilhamos habitualmente as nossas vidas.

   Cultivemos, então, a paz e a «não-violência»! Começando logo pela renovação dos nossos corações e atitudes, na atenção aos sentimentos que nutrimos uns pelos outros; pelo modo como nos relacionamos, por palavras e gestos; e pela forma como interagimos, particularmente em contextos de discordância de princípios, ideais e atitudes; formando corações pacíficos e dialogantes. Cultivemos a paz, promovendo a educação para a paz em contexto familiar. As nossas famílias, segundo o exemplo e a palavra dos mais velhos, hão-de ser escolas de paz e de crescimento de homens e mulheres pacíficos, fomentando mais a partilha, o diálogo e a aceitação, do que a concorrência, a disputa ou a agressividade. Construamos a paz e a «não-violência» comunitariamente, promovendo o diálogo social, a aceitação das diferenças, a integração de todos, o serviço de uns aos outros, promovendo salutares confrontos de ideias e de perspetivas de vivência comunitária, mas assentes nessa integração da diversidade e na busca do bem de todos.

   Comecemos a vivência da paz a partir de nós mesmos, segundo aquele princípio afirmado por Mahatma Gandhi, uma das referências incontornáveis da vivência da não-violência: «sê a mudança que desejas ver no mundo»! Ainda que parecendo pouco ou mesmo insignificante, só esta decisão pessoal, a partir da transformação de nós mesmos, poderá ser um verdadeiro caminho para a paz e para a vivência autêntica da «não-violência»!

 
Pampilhosa, 12 de Janeiro de 2017
Pe. Carlos Alberto G. Godinho
(30ª Reflexão)