
É por isso que a Igreja procura vivamente que os fiéis não assistam a este mistério de fé como estranhos e mudos espectadores, mas que, compreendendo-o bem através dos ritos e orações, participem na acção sagrada consciente, piedosa e animadamente, sejam instruídos na Palavra de Deus, se alimentem à mesa do Corpo do Senhor, dêem graças a Deus; ao oferecerem a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote mas juntamente com ele, aprendam a oferecer-se a si mesmos e, dia após dia, por Cristo Mediador, aperfeiçoem-se na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos. (S.C. 48)
Estranho que nos últimos tempos se vá afirmando, cada vez mais, uma ânsia de regresso ao passado; a um passado que privou desta participação frutuosa de todos os fiéis do dom da Eucaristia, de que nos fala o Concílio, querendo que ela regresse quase em exclusivo à acção do sacerdote. Este recuo -parece-me - seria infidelidade ao Espírito Santo; infidelidade aos direitos dos cristãos; e uma procura de uma nova «mistificação» da pessoa do sacerdote a partir do Mistério Eucarístico. A Eucaristia não é do sacerdote; é da Comunidade! Como o sacerdote não existe para si mesmo, senão para a Comunidade! Não tenhamos a tentação de privar de um direito fundamental cada cristão, que é destinatário, mas também agente e ministro - enquanto comunidade celebrante - da própria Eucaristia, reservando-a para o «espaço restrito» do clero. Seria, da nossa parte - sacerdotes - não apenas um retrocesso, mas uma verdadeira injustiça! Pela minha parte, tenho consciência de tudo fazer - quanto me é possível - para celebrar dignamente os Mistérios de Deus, que na Eucaristia se expressam tão profundamente, na oferta do Corpo e Sangue de Cristo! É um esforço que todos nós, sacerdotes, havemos de fazer! Mesmo até por uma reordenação do serviço pastoral. Havemos de nos questionar se devemos continuar a promover a quantidade ou se a qualidade das nossas celebrações. Peço a Deus, contudo, que não tenhamos a veleidade de reservarmos para nós o que o Senhor tão abundantemente a todos oferece. Espero sinceramente que este Ano Sacerdotal possa ajudar-nos a viver melhor o ministério que nos foi confiado, sem merecimento nenhuma da nossa parte; mas que o vivamos na fidelidade a Deus e aos homens, por quem Cristo, permanentemente, se oferece no Sacrifício Eucarístico!