1. Não existem palavras para descrever o drama e a angústia dos nossos irmãos gregos, perante um drama nunca visto como o dos incêndios que ali lavram, particularmente na Península do Peloponeso. É horrível o “espectáculo de morte” e o drama da perda total de bens. Imagino a angústia de quem vive este drama.Mas, mais ainda, a ser verdade aquilo de que se suspeita, de que existem motivações políticas por detrás destes incêndios, então o “horror” torna-se maior. A pergunta só pode ser: que motivações – a não ser a loucura! – poderão conduzir alguém a pôr em causa, deste modo, a vida e os bens dos seus concidadãos? Se se provar que existem motivações políticas, então digamos que é hora de acabar com estes políticos e estas políticas!
E o paradoxo é mesmo esse (a provarem-se essas motivações!): falamos de um país onde nasceu a democracia e onde todos eram responsáveis uns pelos outros. Se assim for, não será hora de repensar os modelos políticos sobre os quais assentam as nossas governações? Bom, espero que outras motivações possam estar por detrás deste drama. Todavia, não acredito que perante aquelas centenas de fogos apenas existam pirómanos. Há um mundo que temos de repensar!

2. Vivemos num mundo perfeitamente louco, em que os valores se subvertem, e no qual, depois, nos lamentamos das nossas próprias acções. Não sei que motivos podem estar por detrás da morte daquele adolescente inglês, que regressava a casa depois de um jogo de futebol (por isso a base deste comentário é ainda incipiente), mas é certo que muitos dramas de morte entre jovens e adolescentes resultam de má formação que vão construindo ao longo da vida. E falo de má formação ao referir o permanente acento na violência que hoje povoa a mente das nossas crianças e adolescentes. Olhemos para os brinquedos que lhes oferecemos, para os filmes, os jogos, as consolas… que colocamos nas suas mãos. Existem jovens, hoje, que passam muito do seu tempo a divertirem-se com a violência. Não terá esta realidade consequências no seu crescimento e nas suas atitudes? Será a violência meramente uma realidade lúdica, sem consequências na formação de alguém, capaz de passar com o tempo? Espero bem que sim! E que o futuro não nos traga pequenos “monstros” que fomos alimentando paulatinamente. A realidade pode até ser outra, mas julgo que não podemos ficar descansados, acolhendo a dose de violência que se nos impõe, como se ela fosse uma simples brincadeira sem significado. Mas aqui deixo a palavra aos psicólogos, que, certamente, muito têm a dizer a este respeito.
3. A morte do jovem futebolista espanhol, do Sevilha, António Puerta, chocou-me terrivelmente. Como já me havia chocado a morte do nosso Fehér. Particularmente por se tratar de um jovem, no início da sua vida, com apenas vinte e dois anos. Ficamos sempre sem resposta perante notícias destas. Mas não deixa de me recolocar as questões de fundo: que sentido tem a vida? Que segurança podemos encontrar nos nossos sucessos, nos nossos projectos, nas nossas conquistas? Aquele jovem tinha conquistado já o seu reconhecimento, a partir do seu talento, e tinha direito a continuar a sonhar – pessoalmente, profissionalmente, familiarmente, socialmente... Tinha um futuro à sua frente. A vida tem de ser mais justa! E acredito que um dia (ainda que já hoje, “como num espelho”) possamos compreender o sentido profundo do nosso existir. Senão a vida seria uma espécie de presente envenenado. E acredito (e espero!) que o não é!


Dizia Humberto Pagiola que "a fé pode não mover montanhas, mas ajuda a subi-las". Assim é, na verdade. Muitas vezes, sentimos que a ligação a Deus não nos retira dos problemas que temos de enfrentar (tão pouco retirou o próprio Jesus Cristo), mas dá-nos o sentido da presença do Outro e a força interior necessária para continuar a lutar. Diante de muita gente que afirma que o recurso à fé é um baluarte dos fracos, vale a pena dizer que ela é um baluarte que nos fortalece. Principalmente porque, enquanto abertura a Deus, nos permite contar com a força desse Outro que me acompanha no mistério da minha vida. Por outro lado, ajuda-me a assumir o compromisso com a minha existência, porquanto me confronta com o modelo de vida que é Jesus Cristo. Nesta medida, qualquer experiência humana - mesmo que por mais dolorosa - pode ser vivida como abertura amorosa aos outros, fazendo-me sair do meu isolamento. Pela fé, tudo ganha absolutamente um sentido novo. Até a própria morte. Como escrevia João Azevedo Mendes, na introdução ao livro do Pe. Vasco Pinto de Magalhães, Não há Soluções, Há Caminhos, "ter fé é outro modo de dizer que temos futuro, que podemos ser felizes se quisermos".





Depois da notícia anterior, esta é para mim menos agradável, embora seja consequência do que já sabemos. Enfim.... não sei se é este o caminho (e nem me peçam para acreditar, neste caso, na infalibilidade do Papa, pese embora este assunto não ser dogma de fé!). É, naturalmente, uma consequência do que já considerámos atrás! Que Deus nos ilumine!


Parafraseando Sofia de Mello Breyner Andresen: