A propósito da notícia, da Agência Ecclesia, que refere a ordenação de Diáconos Permanentes na Diocese de Aveiro, retomei o livro de Dionisio Boróbio, Ministérios Laicais, em que o autor, analisando a realidade presente da Igreja, afirma de modo clarividente: Quando a realidade se apresenta na sua crueza, de pouco valem os argumentos da razão, ou os esquemas previamente impostos, ou os modelos legalmente estabelecidos (1); para logo acrescentar, relativamente à vida das Comunidades: cada Comunidade deve possuir os ministérios que julgar necessários para cumprir a missão que Cristo lhe encomendou, de acordo com as possibilidades e as necessidades concretas. (2) É certo que o autor se está a referir a uma grande diversidade de ministérios - com enfoque, até, para os Ministérios Laicais. Todavia, no momento presente em que escasseiam as vocações sacerdotais (e a realidade se vai agravar ainda nos próximos tempos), como estamos a responder às necessidades das Comunidades Cristãs? O autor, a este propósito, não deixa de acrescentar também: os padres que há não só estão sobrecarregados de trabalho pastoral como se vêem praticamente obrigados a concentrar-se no cultual-sacerdotal (3). Além disso, escasseando, não permitem a vivência Eucarística, centro da vida cristã. Por isso - continua o autor - enquanto algumas paróquias ficam sem pastor, muitas pequenas comunidades eclesiais enchem-se de serviços e ministérios e reclamam um novo tipo de ministro (4).
É verdade que não estamos ainda em condições de repensar o ministério sacerdotal (a hora ainda não chegou); todavia, temos outras formas de responder a algumas das necessidades das nossas Comunidades Cristãs. A ordenação de Diáconos Permanentes (óbviamente, que não só!) é uma dessas formas. Por isso me parece que algumas Dioceses, como Aveiro (uma Diocese relativamente pequena), conseguem ter uma dinâmica de serviço muito mais apurada do que outras. Ao olhar, por exemplo, para esta nossa Diocese de Coimbra, devo dizer que vivo alguma «angústia» face ao futuro - das Comunidades e dos próprios padres! Não teremos nós também de encetar um novo caminho, mais dinâmico, como já há alguns anos soubemos fazer? Na verdade, fomos pioneiros com as Celebrações da Palavra! Como «reagimos» agora às exigências que se nos apresentam? Creio que o Espírito não nos faltará; e que fará surgir respostas novas para tempos novos! De momento, basta que sejamos mais céleres em dinamizar o que é possivel, para que o bem da Igreja, e as suas necessidades, nunca sejam postos em causa!
(1) Dionisio Boróbio, Ministérios Laicais, Porto, Editorial Perpétuo Socorro, 1991, p. 9.
(3) Ibidem, p. 10.
(4) Ibidem, p. 11.