quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

No início de um Novo Ano!...

Estamos de novo em Janeiro! Iniciamos um novo ano. Tal significa iniciar um novo ciclo de vida. E refiro novo ciclo, porque o é realmente. A vida nunca se repete. Pese embora a semelhança com outros momentos da vida, numa linha de continuidade, cada momento é sempre uma novidade absoluta.
Por outro lado, o tempo é algo sem retorno. Segundo a mitologia grega, «Cronos», o deus do tempo, mata os seus filhos, significando com isto que o tempo nunca regressa ao passado. Mais ainda, o tempo é marcado por um processo de continuidade sem paragem.
Ora o tempo é a linha de construção da nossa vida. É nele que crescemos, nos desenvolvemos, realizamos os nossos projectos, convivemos, descansamos, trabalhamos, etc. Por isso, o tempo transforma-se em oportunidade única, considerando cada um dos seus momentos; pois cada um deles é singular, irrepetível, uma possibilidade de sermos cada vez mais, numa linha de construção da nossa própria identidade.
É assim que o tempo se transforma para nós em verdadeiro desafio, no sentido de vivermos «cada momento como se ele fosse o único», como afirmava o grande Papa João XXIII.
Mas o tempo não pode surgir desligado entre si; a vida construída no tempo não pode ser um somatório de momentos desarticulados, sem nexo e sem referências. A vida tem de ser construída no tempo com um fio condutor. Temos de ter um projecto: sabermos onde queremos chegar, dando-lhe um sentido. É aqui, então, que se inscrevem os valores – humanos, relacionais, cristãos…
Ainda em tempo de Natal, fica-nos, para nós cristãos, um forte desafio: no reconhecimento de Deus que se faz Homem, divinizarmos a nossa vida pela sua máxima Humanização, tendo como referência a Humanidade em Jesus Cristo. De todos os valores que n’Ele reconhecemos, sobressai a Sua vivência e o Seu ensinamento do Amor; de tal modo que a Sua própria vivência se torna verdadeiro ensinamento. O Amor é, para nós (certamente para todos nós homens!) o verdadeiro caminho, o verdadeiro projecto e o verdadeiro sentido. Não um amor qualquer, mas sim um amor autêntico, capaz de assumir exigências, de comportar a gratuidade, de assumir o risco do serviço, de ser dádiva de nós próprios. Só assim o amor nos plenifica, preenchendo cada momento. Um amor vivido deste modo é fundamento da alegria no tempo e é, desde já, construção da eternidade.
É com esta perspectiva, assumida por mim e partilhada convosco, que vos desejo a todos um Feliz Ano Novo. Um ano cheio de sentido; o mesmo é dizer, cheio de Amor. Então, inequivocamente, um ano de paz, de alegria, de partilha, de felicidade. Votos de um Feliz 2008!

Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho