PERSONALIDADE
Por outro lado, há uma atitude inequívoca de vontade, resiliência e capacidade
de superação, que nos leva a admirar como aqueles jogadores conseguem dar tudo
em campo, almejando alcançar um sonho! Esse sonho feito realidade! São modelos
para nós, estes jogadores, de uma necessária capacidade de amor à pátria, de
sentido de serviço, de esforço, de superação pessoal e coletiva, no sentido de
alcançarmos os nossos desígnios nacionais. Sim, de alcançar um sonho nacional –
um país próspero e verdadeiramente equitativo. Tal supõe a necessidade de
abraçarmos projetos comuns, que não podem confundir-se com meros interesses particulares
ou de grupo, infelizmente ainda tão presentes na nossa sociedade, marcada por
diversos corporativismos que se sobrepõem ao interesse coletivo.
Não deixo de registar ainda aquela outra atitude, do nosso Cristiano
Ronaldo, que, enquanto capitão da equipa, convence o João Moutinho a ser um dos
marcadores dos pénaltis, que haviam de levar à vitória sobre a Polónia,
rematando a conversa com Moutinho afirmando que é necessário ter
“personalidade”! Personalidade que aqui significa assumir a responsabilidade,
ter caráter e não desistir face às exigências do momento, mesmo que ele seja
delicado. A mesma personalidade que Cristiano Ronaldo evidenciou, aquando do
jogo da final do campeonato contra a França, pois que saindo lesionado, naquele
desaire pessoal e coletivo, passados apenas cerca de trinta minutos de jogo, não
o demoveu de estar presente ao lado do treinador, incentivando, mobilizando,
dirigindo os seus colegas de equipa, naquele prolongamento que conduziria à
vitória! Aquela presença que levou muitos jornalistas a afirmar que naquele
momento Portugal passou a contar com dois treinadores. Pessoalmente, se
admirava já o Cristiano Ronaldo pelas suas capacidades técnicas, como futebolista,
bem como algumas qualidades humanas, que me habituei a reconhecer, não pude
deixar de me emocionar com tal força e determinação de caráter, com tal personalidade,
que tinha como objetivo maior a conquista de um troféu para Portugal, nem que
isso custasse “sangue, suor e lágrimas”. Também este seu contributo, não já do
jogador em campo, mas do capitão em exercício de motivação e orientação, foi
determinante para o desempenho dos seus colegas de equipa. Sim, ele estava com
eles: se a sua força não se podia fazer dentro das quatro linhas, fazia-se
sentir fora destas, mas com a mesma determinação! Que belo exemplo de liderança,
de agregação de vontades, de direção! Todos nós temos muito a retirar, enquanto
aprendizagem, desta personalidade e capacidade de liderança! Se todos nós, cada
um no âmbito dos seus trabalhos e competências, fossemos capazes de tal determinação, como
seriamos vencedores em tantos áreas da nossa vida em sociedade. Se quem tem a
atribuição da liderança política em Portugal, , nacional ou local, tivesse a
mesma “personalidade”, a mesma capacidade de definir um desígnio nacional e de
colocar ao seu serviço todo este empenho pessoal, Portugal seria um país
vitorioso! Nas diversas áreas das suas competências, enquanto país, como no
desporto! Parabéns à Seleção Portuguesa, pelo feito alcançado, mas igualmente
pelo singular exemplo que é para nós!
Pampilhosa,
21 de Julho de 2016
Pe.
Carlos Alberto Godinho
(10ª
Reflexão)