terça-feira, 4 de outubro de 2016

Personalidade!

PERSONALIDADE

    Ainda no rescaldo da vitória de Portugal no Campeonato Europeu de Futebol, ficam-nos sentimentos diversos, que vão desde a simples celebração do acontecimento, até à reflexão das atitudes que permitiram este feito, inédito, mas merecido, para o futebol português. Desde logo, a equipa nacional, como um todo, está de parabéns, sabendo que o resultado é coletivo! Mesmo que se evidencie algum jogador, este jamais poderá ser isolado dos demais elementos da equipa – do capitão ao guarda-redes! O que nos permite concluir que só o empenho conjunto consegue resultados surpreendentes! Sem dúvida que a coesão daquela equipa nos serve de modelo a uma coesão nacional, em que cada um é convocado a desempenhar as suas tarefas, visando sempre, todos nós, um autêntico desígnio comum, um verdadeiro bem comum.  

   Por outro lado, há uma atitude inequívoca de vontade, resiliência e capacidade de superação, que nos leva a admirar como aqueles jogadores conseguem dar tudo em campo, almejando alcançar um sonho! Esse sonho feito realidade! São modelos para nós, estes jogadores, de uma necessária capacidade de amor à pátria, de sentido de serviço, de esforço, de superação pessoal e coletiva, no sentido de alcançarmos os nossos desígnios nacionais. Sim, de alcançar um sonho nacional – um país próspero e verdadeiramente equitativo. Tal supõe a necessidade de abraçarmos projetos comuns, que não podem confundir-se com meros interesses particulares ou de grupo, infelizmente ainda tão presentes na nossa sociedade, marcada por diversos corporativismos que se sobrepõem ao interesse coletivo.

  Não deixo de registar ainda aquela outra atitude, do nosso Cristiano Ronaldo, que, enquanto capitão da equipa, convence o João Moutinho a ser um dos marcadores dos pénaltis, que haviam de levar à vitória sobre a Polónia, rematando a conversa com Moutinho afirmando que é necessário ter “personalidade”! Personalidade que aqui significa assumir a responsabilidade, ter caráter e não desistir face às exigências do momento, mesmo que ele seja delicado. A mesma personalidade que Cristiano Ronaldo evidenciou, aquando do jogo da final do campeonato contra a França, pois que saindo lesionado, naquele desaire pessoal e coletivo, passados apenas cerca de trinta minutos de jogo, não o demoveu de estar presente ao lado do treinador, incentivando, mobilizando, dirigindo os seus colegas de equipa, naquele prolongamento que conduziria à vitória! Aquela presença que levou muitos jornalistas a afirmar que naquele momento Portugal passou a contar com dois treinadores. Pessoalmente, se admirava já o Cristiano Ronaldo pelas suas capacidades técnicas, como futebolista, bem como algumas qualidades humanas, que me habituei a reconhecer, não pude deixar de me emocionar com tal força e determinação de caráter, com tal personalidade, que tinha como objetivo maior a conquista de um troféu para Portugal, nem que isso custasse “sangue, suor e lágrimas”. Também este seu contributo, não já do jogador em campo, mas do capitão em exercício de motivação e orientação, foi determinante para o desempenho dos seus colegas de equipa. Sim, ele estava com eles: se a sua força não se podia fazer dentro das quatro linhas, fazia-se sentir fora destas, mas com a mesma determinação! Que belo exemplo de liderança, de agregação de vontades, de direção! Todos nós temos muito a retirar, enquanto aprendizagem, desta personalidade e capacidade de liderança! Se todos nós, cada um no âmbito dos seus trabalhos e competências,  fossemos capazes de tal determinação, como seriamos vencedores em tantos áreas da nossa vida em sociedade. Se quem tem a atribuição da liderança política em Portugal, , nacional ou local, tivesse a mesma “personalidade”, a mesma capacidade de definir um desígnio nacional e de colocar ao seu serviço todo este empenho pessoal, Portugal seria um país vitorioso! Nas diversas áreas das suas competências, enquanto país, como no desporto! Parabéns à Seleção Portuguesa, pelo feito alcançado, mas igualmente pelo singular exemplo que é para nós!

Pampilhosa, 21 de Julho de 2016
Pe. Carlos Alberto Godinho
(10ª Reflexão)