segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Turismo Sustentável!


TURISMO SUSTENTÁVEL

   Por determinação da Organização das Nações Unidas (ONU), o ano de 2017 foi declarado o «Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento». Pretendendo esta Organização Mundial que a sustentabilidade do turismo assente em três pilares fundamentais: económico, social e ambiental.[1]E contribuindo, ainda, para um desenvolvimento harmónico, através da promoção de uma melhor compreensão entre os povos de todo o mundo; bem como conduzindo à consciencialização sobre a diversidade e riqueza patrimonial das diversas civilizações.[2]

   Assim, este ano constituirá uma singular oportunidade para uma larga reflexão sobre o turismo e a definição de princípios orientadores que o promovam nas suas diversas componentes, que não apenas a económica, área de atividade humana onde habitualmente se insere.

   Como tantas vezes temos afirmado, no âmbito da Pastoral do Turismo – serviço da Igreja para a área da atividade turística -, fundamentados em vários autores, o turismo tem de entender-se como uma realidade «multidimensional»[3] - económica, geográfica, legal, sociológica, ecológica, antropológica e espiritual.  Só assim, nesta visão global, ele pode compreender efetivamente tais pilares para a sustentabilidade e para o desenvolvimento humano.

   De entre os múltiplos aspetos que poderíamos considerar, partindo dos princípios enunciados, sublinhamos quatro aspetos que nos parecem cruciais para a conceção de um turismo sustentável e que favorecem, igualmente, um autêntico desenvolvimento: uma nova conceção económica, mais solidária; a valorização e promoção social e cultural de cada comunidade de acolhimento; um autêntico diálogo humano, mais fraterno; e o respeito pelo meio ambiente e incremento de um turismo ecológico.

   O turismo, enquanto atividade económica, beneficiando as empresas que lhe estão diretamente ligadas, deve beneficiar igualmente as demais atividades económicas das comunidades de acolhimento, nos seus serviços diretos e indiretos – comércio, artesanato, agricultura, pecuária, entre muitos outros. Por outro lado, os agentes de turismo devem sentir-se corresponsáveis pelo reinvestimento local de alguns dos proveitos económicos, nomeadamente no que respeita a infraestruturas que possam servir a todos, beneficiando as suas atividades próprias e as comunidades locais em que se inserem, numa autêntica corresponsabilidade social.

   Elemento determinante para um turismo sustentável é igualmente o respeito, valorização e promoção de cada cultura local. Num tempo marcado pela globalização e consequente tendência de homogeneização cultural, cada comunidade deve preservar a sua identidade própria, propondo-a a todos os visitantes, que a hão-de acolher, valorizar e promover. Aliás, este é um dos aspetos mais sensíveis para o turismo: ele será tanto mais rico, quanto mais oferecer essa diversidade cultural, acolhida em autêntico respeito e diálogo na diversidade de modos de ser e de se expressar, na inter-relação de povos e comunidades.

   Intimamente ligado a este diálogo cultural, que pressupõe o conhecimento e aceitação incondicional dos outros, nessa sua identidade e expressão, urge revalorizar continuamente o diálogo fraterno entre pessoas e povos. O turismo, neste sentido, pode ser uma autêntica indústria de paz; pois, colocando povos e culturas em relação dialógica, contribui para um acolhimento e respeito mútuo, capaz de conduzir a uma nova vivência de harmonia e paz entre todos.

   Por fim, mas de igual importância, o turismo tem de ser, atualmente, uma atividade promotora de sustentabilidade ecológica, promovendo o respeito pelo meio ambiente e sendo ele mesmo promotor de atividades ecológicas. Tanto mais que a preservação do meio ambiente é essencial para o desenvolvimento da atividade turística. Isto é, a ecologia não é apenas um dever para o turismo, mas é igualmente uma condição necessária para a sua realização.

   Se todos estes princípios se aplicam à generalidade dos espaços turísticos, devemos assumi-los, desde já, localmente, nestas terras bairradinas, onde o turismo cresce – a par do todo nacional e regional – dando rosto a muitas das nossas atividades económicas, sociais e culturais. Que também aqui o turismo seja sustentável e promotor de um autêntico desenvolvimento humano.

 
Pampilhosa, 19 de Janeiro de 2017
Pe. Carlos Alberto G. Godinho
(31ª Reflexão)



[1] Cf. www.nacoesunidas.org
[2] Cf. Ibidem
[3] PEREIRO PÉREZ, Xerardo – Turismo Cultural. Uma visão antropológica. Tenerife: PASOS – Revista de Turismo e Patrymonio Cultural. Colección PASOS Edita, nº 2, p. 5. Cf. CONSELHO PONTIFÍCIO PARA A PASTORAL DOS MIGRANTES E ITINERANTES – Prezentationi. In People on the Move, nº 96 (Dezembro de 2004). Disponível em: www.vatican.va