TURISMO
SUSTENTÁVEL
Por
determinação da Organização das Nações
Unidas (ONU), o ano de 2017 foi declarado o «Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento».
Pretendendo esta Organização Mundial que a sustentabilidade do turismo assente
em três pilares fundamentais: económico, social e ambiental.[1]E contribuindo, ainda, para
um desenvolvimento harmónico, através da promoção de uma melhor compreensão
entre os povos de todo o mundo; bem como conduzindo à consciencialização sobre
a diversidade e riqueza patrimonial das diversas civilizações.[2]
Assim, este ano constituirá uma singular oportunidade para uma larga
reflexão sobre o turismo e a definição de princípios orientadores que o
promovam nas suas diversas componentes, que não apenas a económica, área de
atividade humana onde habitualmente se insere.
Como
tantas vezes temos afirmado, no âmbito da Pastoral do Turismo – serviço da
Igreja para a área da atividade turística -, fundamentados em vários autores, o
turismo tem de entender-se como uma realidade «multidimensional»[3] - económica, geográfica,
legal, sociológica, ecológica, antropológica e espiritual. Só assim, nesta visão global, ele pode
compreender efetivamente tais pilares para a sustentabilidade e para o
desenvolvimento humano.
De
entre os múltiplos aspetos que poderíamos considerar, partindo dos princípios
enunciados, sublinhamos quatro aspetos que nos parecem cruciais para a conceção
de um turismo sustentável e que favorecem, igualmente, um autêntico
desenvolvimento: uma nova conceção económica, mais solidária; a valorização e
promoção social e cultural de cada comunidade de acolhimento; um autêntico
diálogo humano, mais fraterno; e o respeito pelo meio ambiente e incremento de
um turismo ecológico.
O
turismo, enquanto atividade económica, beneficiando as empresas que lhe estão
diretamente ligadas, deve beneficiar igualmente as demais atividades económicas
das comunidades de acolhimento, nos seus serviços diretos e indiretos –
comércio, artesanato, agricultura, pecuária, entre muitos outros. Por outro
lado, os agentes de turismo devem sentir-se corresponsáveis pelo reinvestimento
local de alguns dos proveitos económicos, nomeadamente no que respeita a infraestruturas
que possam servir a todos, beneficiando as suas atividades próprias e as
comunidades locais em que se inserem, numa autêntica corresponsabilidade
social.
Elemento
determinante para um turismo sustentável é igualmente o respeito, valorização e
promoção de cada cultura local. Num tempo marcado pela globalização e
consequente tendência de homogeneização cultural, cada comunidade deve
preservar a sua identidade própria, propondo-a a todos os visitantes, que a
hão-de acolher, valorizar e promover. Aliás, este é um dos aspetos mais sensíveis
para o turismo: ele será tanto mais rico, quanto mais oferecer essa diversidade
cultural, acolhida em autêntico respeito e diálogo na diversidade de modos de
ser e de se expressar, na inter-relação de povos e comunidades.
Intimamente ligado a este diálogo cultural, que pressupõe o conhecimento
e aceitação incondicional dos outros, nessa sua identidade e expressão, urge
revalorizar continuamente o diálogo fraterno entre pessoas e povos. O turismo,
neste sentido, pode ser uma autêntica indústria de paz; pois, colocando povos e
culturas em relação dialógica, contribui para um acolhimento e respeito mútuo,
capaz de conduzir a uma nova vivência de harmonia e paz entre todos.
Por
fim, mas de igual importância, o turismo tem de ser, atualmente, uma atividade
promotora de sustentabilidade ecológica, promovendo o respeito pelo meio
ambiente e sendo ele mesmo promotor de atividades ecológicas. Tanto mais que a
preservação do meio ambiente é essencial para o desenvolvimento da atividade
turística. Isto é, a ecologia não é apenas um dever para o turismo, mas é
igualmente uma condição necessária para a sua realização.
Se
todos estes princípios se aplicam à generalidade dos espaços turísticos,
devemos assumi-los, desde já, localmente, nestas terras bairradinas, onde o
turismo cresce – a par do todo nacional e regional – dando rosto a muitas das
nossas atividades económicas, sociais e culturais. Que também aqui o turismo seja sustentável e promotor de um autêntico
desenvolvimento humano.
Pampilhosa, 19 de Janeiro de 2017
Pe. Carlos Alberto G. Godinho
(31ª Reflexão)
[1]
Cf. www.nacoesunidas.org
[2]
Cf. Ibidem
[3]
PEREIRO PÉREZ, Xerardo – Turismo
Cultural. Uma visão antropológica. Tenerife: PASOS – Revista de Turismo e
Patrymonio Cultural. Colección PASOS Edita, nº 2, p. 5. Cf. CONSELHO PONTIFÍCIO
PARA A PASTORAL DOS MIGRANTES E ITINERANTES – Prezentationi. In People on
the Move, nº 96 (Dezembro de 2004). Disponível em: www.vatican.va