sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Ano Novo!


ANO NOVO

   Iniciámos um novo ano! Um novo ciclo de vida, que nos fará percorrer as suas etapas próprias; desde logo pautado pelas estações climatológicas; bem como pelas nossas vivências sociais e culturais. O período cronológico de um ano é muito diverso e rico nos subperíodos em que se divide e nas práticas sociais e culturais que os enquadram.

   Mas um novo ano nunca é uma realidade mimética dos ciclos anteriores. Ainda que semelhante, cada ano é sempre novo, irrepetível, singular e com enquadramento pessoal e sociocultural diversificado. Diria que sendo mesmo aparentemente igual, repetindo, cada ano, vivências semelhantes, é sempre uma realidade em espiral; num aprofundamento contínuo. O mais evidente é o avanço no tempo – o avanço cronológico -, que sendo comum, é igualmente uma realidade vivida na experiência pessoal. Tal como no avanço histórico e respetivos progressos: cada ano é sempre um novo devir na prossecução da realização humana e da sua história. Ainda que nem sempre privilegiando o que mais nos realiza pessoal e comunitariamente.

  Ora, se cada ano é, efetivamente, um tempo novo – cronológica, social, cultural e historicamente -, não deixará de o ser igualmente na perspetiva pessoal; enquanto oportunidade única, verdadeiramente singular, e desafiante, para a vida de cada um de nós! Viver é, de per si, o grande dom; pois a vida é o valor primeiro sobre o qual assentam todos os demais valores. Mas não basta repetir ciclos de vida; é necessário dar profundidade a cada um desses ciclos, na perspetiva de alcançarmos a nossa autêntica realização. Neste sentido, cada ano é sempre uma nova oportunidade!

   Pode acontecer que, volvido o meado de Janeiro, em que se diluem os votos de um bom ano, se retomem as rotinas habituais e a vida permaneça sem aquela novidade proclamada no seu início. Ora, um novo ano é a oportunidade de nos questionarmos, de revermos as nossas vidas, de equacionar o que está, ou não, em conformidade com esse desígnio que nos habita e que todos demandamos: sermos felizes! Assim, um novo ano desafia-nos à desinstalação, à capacidade de decisão, à revisão necessária, à força de opções pessoais e comunitárias no sentido de nos aproximarmos, cada vez mais, desse desígnio que nos habita.

   O mais fácil, para todos nós, é acomodarmo-nos a estilos de vida pessoais, familiares ou comunitários, assentes em rotinas já assumidas, mesmo quando essas rotinas fazem persistir angústias, dores, desilusões, inquietudes ou mesmo agressividades. Ora, um tempo novo comporta em si, simbolicamente, essa ousadia de cortar com algumas rotinas para definir novos horizontes. Cada tempo é-nos dado para que nele construamos a nossa felicidade. Então, ousemos recomeçar de novo, deixando de parte o que pessoal, familiar e comunitariamente impede essa felicidade, para vivermos um tempo novo com existências novas. E bem sabemos que tal se aplica à vida pessoal de cada um de nós, reacertando princípios de conduta pessoal; a tantas situações familiares, onde é necessário renovar um autêntico diálogo e vivência de amor, mediante os quais cada um se sente verdadeiramente acolhido e amado na sua comunidade originária; ou ainda socialmente, num respeito e empenho na procura do bem comum, capaz de mobilizar conjuntamente o que cada um tem de melhor, ao serviço de todos.

   Efetivamente, viveremos um ano novo se cada um de nós se renovar! Partindo, necessariamente, da consciência de que nenhum de nós é já um produto acabado. Então, sim, como referia Mahatma Gandhi, tornar-nos-emos a mudança que desejamos ver no mundo. Ou, como referia Madre Teresa de Calcutá, seremos a pequena gota a transformar o oceano, que é o nosso mundo; na certeza de que se não aceitarmos ser essa pequena gota de renovação, este oceano será bem mais pobre.

   Façamos justiça ao provérbio popular que, neste período, tanto usamos: «ano novo, vida nova». Não apenas porque mudamos alguns dos grandes projetos das nossas vidas, mas porque nos dispomos a mudar os nossos corações e as nossas atitudes! E um novo ano começa exatamente por aí!

   A todos um feliz e abençoado ano de 2017!

 
Pampilhosa, 05 de Janeiro de 2017
Pe. Carlos Alberto G. Godinho
(29ª Reflexão)