SENTIDO DA COMUNICAÇÃO
Comunicar
é
uma ação fundamental da nossa vivência humana – pessoal e social. Comunicar,
que tem a sua raiz na expressão latina communicare,
significando «repartir, dividir alguma coisa com alguém», tem esta imensa força
da partilha – do que somos e do que vivemos!
Assim, tem, por certo, um especial
significado falar de comunicação, ao iniciarmos esta colaboração com a Rádio Clube
da Pampilhosa, questionando-nos sobre o sentido da nossa comunicação.
Comunicar confunde-se, frequentemente, com uma simples expressão
unilateral de ideias, de pensamentos, de sensibilidades ou de experiências! Ou,
o que seria mais grave, a imposição das ideias pessoais, convicções ou
sentimentos. O que significaria a sobreposição pessoal sobre os demais.
Comunicar é uma atitude dialógica, em que o diálogo, como referia, há
uns anos, um grupo de trabalho italiano, consiste na capacidade de comunicar o
nosso próprio íntimo, a fim de oferecermos ao outro o melhor de nós próprios e,
deste modo, prepararmos uma abertura recíproca e profunda que constrói o amor.[1] Não um simples desabafar
ou conversar com o outro, mas a vontade de construir uma comunhão profunda.[2] Sabendo que a primeira
regra para essa comunhão é precisamente a atitude de escuta e de sincero
acolhimento.[3]
Implicando verdadeira alteridade, o diálogo pressupõe ainda o respeito infinito
pelo outro – pelas suas vivências, ideias, sensibilidades ou convicções.
Ora,
a rádio tem de ser um profundo espaço de diálogo. E sê-lo-á quanto mais próxima
estiver dos seus ouvintes! Isto é, quando mais enraizada estiver no âmago das
vivências daqueles a quem se dirige.
Durante algum tempo pensou-se a rádio segundo as orientações e
sensibilidades de quem a dirigia ou nelas produzia conteúdos, atendendo a
programas credíveis, previamente estabelecidos. Hoje, particularmente com as
novas formas de comunicação, a rádio necessita de ser um espaço de escuta, de
conhecimento aprofundado do seu auditório, das suas preocupações e das suas aspirações.
Para depois, com a sua programação, ir ao encontro dos seus anseios. A rádio
tem de tornar-se, cada vez mais, um meio de diálogo – entre pessoas, grupos,
sensibilidades, vivências, num esforço de comunhão que abrace a todos. Como
referiu o Papa Francisco, a propósito do último Dia Mundial das Comunicações Sociais: «A comunicação tem o poder de
criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a
sociedade»[4]. Fazer rádio, como meio e
instrumento de encontro e de diálogo, é um desafio profundo – no presente e
para o futuro!
Pampilhosa, 19 de Maio de 2016
Pe. Carlos Godinho
(1ª Reflexão)
[1]
Cf. CENTRO MISSIONÁRIO PE. FOUCAULD. CUNEO – O Diálogo. Reflexões Comunitárias. Tradução de Frei Paulo Beretta.
Coimbra: Gráfica de Coimbra, 1989, p. 20.
[2]
Cf. Ibidem, p. 20
[3]
Cf. Ibidem, pp. 28 – 29.
[4]
Cf. PAPA FRANCISCO – Comunicação e
Misericórdia: um encontro fecundo. Mensagem de Sua Santidade o Papa
Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Vaticano, 8 de Maio
de 2016.