O valor de alguém não depende das suas perfeições ou imperfeições. O valor de alguém descobre-se no tempo que lhe dedicamos. Isto é, no amor com que amamos!... Julgo que faz cada vez mais sentido aquela expressão do Principezinho, de Saint Exupéry: «Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.» E depois o Principezinho ainda diz, «para não se esquecer»: «Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa...» Quando tanta gente se fixa no aspecto exterior desta ou daquela pessoa; quando tanta gente procura a «perfeição» do outro nos quadros de uma concepção materialista e de sucessos humanos, esta é uma lição que ainda nos faz pensar. Hoje reflectia sobre as lágrimas de tantas mães que perdem um filho ou uma filha deficiente. Hoje pensei na densidade do amor que se vive para com alguém que está dependente. Sem que se afirme o limite humano como algo de desejável, a capacidade de o acolher e de a ele se dedicar é, quantas vezes, fonte de uma maior intensidade humana do que quando tal não é necessário!... O que é mais humano: desfazer-se de uma vida porque ela tem limites, ou dedicar-se a ela com os limites que comporta? Reflectia, então: o amor depende da intensidade, do tempo e dos gestos que somos capazes de votar aos outros! Nesta sociedade, hedonista, que busca todos os sucessos, não afirmamos tantas vezes que o melhor para alguém com limites humanos é ver esses limites terminados? Que a morte, por exemplo, aparece como um bem? Então porque chora tanta gente, com uma dor compungida, a perda daquele que amava? É que, na verdade, não dependemos dos nossos sucessos ou insucessos, das nossas perfeições ou imperfeições, mas sim do amor com que amámos ou fomos amados! O outro será tanto mais para nós quanto mais a ele nos dedicamos! E quanto maior é a exigência - creio! - maior é o amor! Este será sempre o segredo profundo que explica o significado do amor humano!
NOTA: O valor da pessoa é uma realidade intrínseca ao seu próprio ser! A pessoa vale por aquilo que é - o seu ser humano!... Aqui afirmo que o reconhecimento deste valor se vive na capacidade de doação. Não quero, de modo algum, ser relativista na afirmação do dom que é sempre a pesssoa humana, em qualquer circunstância. A pessoa é sempre um valor acima do qual não existe outro maior - aí se compreende a sua dignidade!