Na minha acção de formação em Eclesiologia, na Escola de Leigos, confronto com frequência os formandos com a principal missão da Igreja. A pergunta é mesmo: «Qual a principal missão da Igreja?» Sem dificuldade chegamos à conclusão que recolhemos do Novo Testamento: «Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda a criatura!» (Mc. 16, 15); «Como o Pai me enviou também eu vos envio!» (Jo. 20, 21). Todavia, reconhecemos que este desafio, sendo o maior, gera particulares dificuldades! Dificuldades no íntimo da Igreja e no contexto do mundo de hoje!
No interior da Igreja, reconhecemos a excessiva predominância do ritualismo, da burocracia, do peso de tantas e tantas experiências que nos retiram a frescura e a desenvoltura necessárias para assumir a missão como desafio cimeiro. No contexto do mundo de hoje, as mudanças, os interesses, as linguagens, as ideologias (mais económicas e consumistas do que políticas ou de pensamento!) estabelecem limites a uma certa permeabilidade à Palavra de Deus. Pesem embora as novas aberturas que caracterizam esta fase, denominada de pós-moderna.
Fica-nos sempre a sensação de que nos reencontrámos com o programa essencial que nos é proposto, mas que temos dificuldades em encontrar as estratégias necessárias para o implementar! E efectivamente assim é: a questão que me sobrevém, e que confesso ainda não ter solucionado, é mesmo essa: como evangelizar hoje?
É aqui que a Igreja tem de se centrar: na capacidade de se “reinventar” no seu dinamismo missionário, na sua frescura evangelizadora!
A Igreja não pode persistir em manter-se numa atitude de espectadora de um mundo ao qual é enviada; não pode alcantilar-se nas torres das suas igrejas – imagem de uma comunidade distante do mundo dos homens; não pode satisfazer-se com a gestão das solicitações imediatas, numa administração apurada dos desafios que ainda lhe são feitos!... Tem de ser ousada, tem de se refrescar a partir de dentro, tem – se necessário! – de se renovar para readquirir a capacidade mobilizadora para o encontro com o Ressuscitado, centro de todo o seu ser e seu agir! Tem de se redescobrir nessa sua missão prioritária e para aí canalizar todas as suas energias!
Nesta linha, somos convocados pela palavra do saudoso Papa João Paulo II, quando afirma: “Duc in altum. (Lc. 5, 4) Estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente, abrir-se com confiança ao futuro: «Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre» (Hb. 13, 8)” (NMI, 1), para logo depois acrescentar: “a Igreja seria convidada a interrogar-se sobre a sua renovação para assumir com novo impulso a sua missão evangelizadora.” (NMI, 2).
Agora que nos aproximamos do início de um novo ano pastoral, estas palavras hão-de ganhar novo impulso no nosso íntimo, catapultando-nos para a centralidade da missão – numa profunda fidelidade ao Espírito e à Palavra do Ressuscitado e atentos aos homens a quem somos enviados. A Igreja necessita de se rever no seu centro de acção, mas também no conhecimento do mundo, dos homens e da cultura a que é enviada. Ao mesmo tempo – talvez o maior desafio – definindo verdadeiras estratégias de acção que possam ser eficazes na vivência dessa sua missão.
Ao longo deste ano temos um belo exemplo, na síntese doutrinal e no agir: São Paulo! Que ele nos ajude, na sua intercessão e na sua doutrina, a encontrar o caminho para a vivência da Igreja do século XXI, como ele o soube encontrar - e de que modo!... - nos inícios deste único e grande envio!
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho
No interior da Igreja, reconhecemos a excessiva predominância do ritualismo, da burocracia, do peso de tantas e tantas experiências que nos retiram a frescura e a desenvoltura necessárias para assumir a missão como desafio cimeiro. No contexto do mundo de hoje, as mudanças, os interesses, as linguagens, as ideologias (mais económicas e consumistas do que políticas ou de pensamento!) estabelecem limites a uma certa permeabilidade à Palavra de Deus. Pesem embora as novas aberturas que caracterizam esta fase, denominada de pós-moderna.
Fica-nos sempre a sensação de que nos reencontrámos com o programa essencial que nos é proposto, mas que temos dificuldades em encontrar as estratégias necessárias para o implementar! E efectivamente assim é: a questão que me sobrevém, e que confesso ainda não ter solucionado, é mesmo essa: como evangelizar hoje?
É aqui que a Igreja tem de se centrar: na capacidade de se “reinventar” no seu dinamismo missionário, na sua frescura evangelizadora!
A Igreja não pode persistir em manter-se numa atitude de espectadora de um mundo ao qual é enviada; não pode alcantilar-se nas torres das suas igrejas – imagem de uma comunidade distante do mundo dos homens; não pode satisfazer-se com a gestão das solicitações imediatas, numa administração apurada dos desafios que ainda lhe são feitos!... Tem de ser ousada, tem de se refrescar a partir de dentro, tem – se necessário! – de se renovar para readquirir a capacidade mobilizadora para o encontro com o Ressuscitado, centro de todo o seu ser e seu agir! Tem de se redescobrir nessa sua missão prioritária e para aí canalizar todas as suas energias!
Nesta linha, somos convocados pela palavra do saudoso Papa João Paulo II, quando afirma: “Duc in altum. (Lc. 5, 4) Estas palavras ressoam hoje aos nossos ouvidos, convidando-nos a lembrar com gratidão o passado, a viver com paixão o presente, abrir-se com confiança ao futuro: «Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre» (Hb. 13, 8)” (NMI, 1), para logo depois acrescentar: “a Igreja seria convidada a interrogar-se sobre a sua renovação para assumir com novo impulso a sua missão evangelizadora.” (NMI, 2).
Agora que nos aproximamos do início de um novo ano pastoral, estas palavras hão-de ganhar novo impulso no nosso íntimo, catapultando-nos para a centralidade da missão – numa profunda fidelidade ao Espírito e à Palavra do Ressuscitado e atentos aos homens a quem somos enviados. A Igreja necessita de se rever no seu centro de acção, mas também no conhecimento do mundo, dos homens e da cultura a que é enviada. Ao mesmo tempo – talvez o maior desafio – definindo verdadeiras estratégias de acção que possam ser eficazes na vivência dessa sua missão.
Ao longo deste ano temos um belo exemplo, na síntese doutrinal e no agir: São Paulo! Que ele nos ajude, na sua intercessão e na sua doutrina, a encontrar o caminho para a vivência da Igreja do século XXI, como ele o soube encontrar - e de que modo!... - nos inícios deste único e grande envio!
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho