A afirmação feita pelo Presidente da República - «É necessário que o Governo explique aos cidadãos o que se pretende com esta política de saúde» - é de uma importância crucial, quando consideramos as políticas assumidas pelo executivo socialista. Mas, algumas respostas parecem assumir contornos de evidência, nomeadamente a de que a saúde é hoje um «buraco económico» que é preciso conter. Senão vejamos:com o fecho de um vasto conjunto de urgências, não se resolveram os problemas dos cidadãos, que, fruto desta política, se vêem como números a entopir as urgências dos Hospitais Centrais e de alguns Hospitais Distritais - começou por ser Aveiro, Cascais, Faro, a zona de Braga.... e porque ainda ninguém encontrou justificação para falar de outros, onde a espera para se ser atendido vai aumentando gradualmente. Estes Hospitais não têm capacidade de resposta. Veja-se, neste sentido, a atitude dos médicos, chefes de serviço, em Faro, que pediram em bloco a sua demissão. Mas, precisamente neste Hospital, a desfaçatez: fecharam-se alguns espaços de urgência na zona do Algarve, canalizaram-se os doentes para um Hospital central, sem capacidade de albergar as pessoas, e agora vem dizer-se que as obras de remodelação em breve darão resposta às novas necessidades. Isto não é brincar com as pessoas? Então, primeiro não se faziam as obras e depois admitiam-se as pessoas? O que é que se considera como mais importante na gestão destas políticas?
Mas, para mim, o caso mais evidente, noticiado hoje nos nossos telejornais, é aquele que nos surge em Chaves. Há um ano fechou-se a Maternidade (quanto ao hospital local deconheço o processo!) e agora abre uma Casa de Saúde Particular, com serviço de maternidade e com serviço permanente de urgências! Julgo que, pese embora ser iniciativa privada, necessita do aval do Ministério da Saúde! Senhor Ministro, talvez, por um momento, seja necessário falar claro: o encerramento de uma boa parte das urgências (ainda que algumas possam não prestar o serviço adequado!) é uma questão económica! Estamos num processo de privatização da saúde. É preciso falar claro!
Mas, para mim, o caso mais evidente, noticiado hoje nos nossos telejornais, é aquele que nos surge em Chaves. Há um ano fechou-se a Maternidade (quanto ao hospital local deconheço o processo!) e agora abre uma Casa de Saúde Particular, com serviço de maternidade e com serviço permanente de urgências! Julgo que, pese embora ser iniciativa privada, necessita do aval do Ministério da Saúde! Senhor Ministro, talvez, por um momento, seja necessário falar claro: o encerramento de uma boa parte das urgências (ainda que algumas possam não prestar o serviço adequado!) é uma questão económica! Estamos num processo de privatização da saúde. É preciso falar claro!
Fica-me é a dupla questão: onde está a política social deste Executivo - Socialista! - que cede ao princípio de privatização dos serviços mais elementares, nos cuidados devidos aos cidadãos? Independentemente das minhas opções políticas e da minha opinião sobre o Dr. Mário Soares (que não registo aqui como negativa, nem positiva), julgo que ele tem toda a razão ao discordar desta orientação do executivo do Eng. Sócrates. E a segunda questão, para mim bem mais grave: quem poderá aceder aos serviços privados de saúde? Todos os cidadãos por igual (quando acabamos de ver que um em cada cinco portugueses corre o risco de vir a cair na pobreza)? Uma comunidade mais envelhecida, que vive dependente, na sua maioria, de reformas de miséria?Afinal, a quem serve esta política? Que sentido de justiça lhe subjaz? É hora de falar verdade e de dizer que esta «terceira via de socialismo» mais não é que uma forma disfarçada de política ao serviços dos interesses dos mais ricos, daqueles que, ao longo da história, sempre foram os mais privilegiados.
A terminar, quero referir que não me move, neste comentário, a defesa de uma ideologia, mas sim a defesa da pessoa como valor prioritário, a defesa da sua dignidade! Pois, para mim, o problema é exactamente esse: para este governo, primeiro estão os valores económicos e depois vêem as pessoas. E esta é que pode ser a preversão de um serviço público, como é o serviço político!