quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Padre no desemprego!

Na sequência de um artigo publicado no blog Padres Inquietos (artigo entretanto publicado no DN de 28 de Junho passado) a propósito de padre no desemprego, deixei os seguintes comentários, que aqui reproduzo:

1º Comentário:

Perante o artigo, dois comentários:
1 - Sem dúvida que um padre continua a ser um homem livre e deverá assumir as opções que, em cada momento, entender. Isto é, se a sua realização não passa pelo exercício do ministério, tem todo o direito a ser dele dispensado quando o pede. Eu próprio - padre em exercício - afirmei um dia ao meu bispo: «Se Deus respeita a minha liberdade, não posso entender como é que a Igreja, pela imposição das mãos de um Bispo, julga tê-la anulado». Portanto, o exercíco do ministério tem de ser algo livre e querido por cada um!
2 - Não consigo, todavia, entender como é que um padre que deixa o ministério não procura assegurar uma vida digna. Não pode estar à espera que a Igreja resolva os seus problemas imediatos. Tem de saber procurar uma nova forma de vida. E devo dizer que muito me preocupa ver colegas que abandonaram sem terem, depois, meios de subsistência. Têm de ir à luta. Não podem vitimizar-se ou ficar numa atitude de inércia. Já agora, ainda: quanto ao aproveitamento de quem deixou o ministério, julgo que esse será um caminho absolutamente necessário. Eu próprio o defendo. Todavia, isso não anula o que expus anteriormente.
Abraço a todos.
2º Comentário:
Tenho acompanhado este debate de ideias, que vai muito para além do caso do Francisco, que muito respeito e gostaria de ver feliz, a todos os níveis. Para reforçar a primeira ideia do meu comentário anterior, deixo aqui uma expressão de Hans Küng (um teólogo mal amado, mas de uma enorme pertinência) no pequeno livro que me foi emprestado: "Por que ainda ser Cristão?". Diz ele: "se quisermos ser cristãos, não podemos exigir exteriormente liberdade e direitos humanos para a Igreja e deixar de reconhecer interiormente esses direitos." Penso que vem bem a propósito. Toda a acção na Igreja tem de ser livre; só assim podemos ser fiéis a Jesus Cristo, que nos diz: "quem quiser...", nunca obrigando, mas fazendo sempre um desafio livre à opção de cada um.
Abraço.
Pe. Carlos