Ontem, após ter celebrado uma Eucaristia com vários baptismos, necessitei de regressar à Igreja para recolher uma ficha que necessitava para a Missa seguinte. Entretanto, os pais de uma das crianças baptizadas pediam-me que tirasse uma fotografia com eles. Respondi-lhes de imediato que tinha muita pressa, pois estava já atrasado para a Missa seguinte. Mas acedi e fiz a fotografia com eles. Enquanto me dirigia para a outra paróquia pensava nisto mesmo: quantas vezes andamos tão absorvidos com a multiplicidade de celebrações, de compromissos que pressionam o relógio, e não temos tempo para as pessoas. Entretanto, consciencializava o pedido daquele jovem casal, tão simpático, e de como pode ser importante para eles a presença do seu pároco e um simples registo de um momento tão significativo nas suas vidas - o baptismo do seu primeiro filho. Ainda bem que acedi, que abracei aqueles pais e que aquele registo se poderá manter.
De facto, parece que se inverteu a vocação presbiteral: somos cada vez mais solicitados para a prática sacramental e temos cada vez menos tempo para as pessoas. E estas é que deveriam ocupar o primeiro lugar na nossa acção. Relembro a atitude do próprio Jesus de Nazaré, que acolhia, escutava, partilhava a mesma mesa, perdoava, olhava, abraçava... E nós? Que fazemos do nosso ministério? Estamos verdadeiramente ao lado das pessoas, ou actuamos para as pessoas? Serviu-me de exemplo aquele pequeno gesto: as pessoas necessitam de nós e nós das pessoas. Se nos limitarmos a fazer coisas tudo será muito mais vazio - humanamente, psicológicamente, afectivamente e espiritualmente!
Que Deus nos dê tempo para dispensarmos às pessoas a quem somos enviados, estendendo-lhes as nossas mãos e sabendo receber as suas!