No ano pastoral em que nos propomos avaliar o quinquénio pastoral, agora terminado, não podemos esquecer de efectuar uma análise mais profunda da nossa realidade diocesana. Tanto mais que as novas exigências pastorais o exigem e os hábitos arraigados na celebração comunitária da fé tendem a contrariar reformas necessárias (certamente que o dirá quem é pároco, como eu!).
Parece-me, volvidos nove anos sobre o Sínodo Diocesano (um tempo muito longo, no ritmo hodierno!), que importa avaliar a implementação, ou não, das decisões sinodais, que foram dadas à Diocese como norma de orientação comum e, consequentemente, obrigação para todos. Pessoalmente, e a nível de paróquias, espero fazê-lo em breve com os Conselhos Pastorais que me estão confiados.
Se é certo que alguns aspectos foram levados à prática, bastando para tal reler as referidas decisões, ainda existem muitos outros que aguardam uma nova dinâmica. Sem ser exaustivo, enumero algumas delas, de importância crucial para nós na hora presente da vida da diocese. Em primeiro lugar, refiro a necessidade de se organizar um verdadeiro serviço de Catequese de Adultos, tão falado no passado recente e que pareceu esmorecer no presente. Esta é, aliás, uma necessidade bem mais alargada, que se coloca a toda a Igreja em Portugal, como referiu o papa Bento XVI, no Discurso aos Bispos Portugueses, aquando da visita ad sacra limina. Para nós, o Sínodo apontou este serviço como decisão fundamental em ordem à renovação da vida cristã (cf. nº 1, § 4).
Dois outros aspectos, que têm sido motivo de uma já demasiado longa reflexão e de uma forte incapacidade de concretização, são o trabalho conjunto nos Arciprestados (cf. nº 21, § 3) e o trabalho conjunto dos presbíteros (cf. nº 16, § 4). E aqui havemos de assumir, os padres e bispo diocesano, que a incapacidade tem sido nossa. Seja pelas decisões tomadas aquando de nomeações para serviços pastorais, seja de uma mentalidade que não nos dispomos a ultrapassar, encetando novos caminhos de partilha do serviço ministerial. Estamos todos enformados por uma mentalidade demasiado individualista no exercício do ministério, que já não se compadece com as nossas reais necessidades e com a prática da cultura presente.
Numa linha semelhante, aparece-nos a necessidade de «reordenamento» da comunidades paroquiais e dos arciprestados do meio rural (cf. nº 21, § 5). É preciso parar, reflectir e tomar decisões, em ordem a servir melhor todo o Povo de Deus, compreendendo a Diocese como uma e não apenas como somatório de um certo número de comunidades paroquiais. Aqui havemos de ter a humildade de nos rodearmos das disciplinas humanas que nos ajudem a efectuar um trabalho sustentado.
Se alguns outros aspectos necessitavam de reflexão, como o prometido Secretariado de Liturgia (cf. nº 9, § único), que tarda em ver a luz do dia, termino com um desafio tão importante para nós hoje, como é a Pastoral Familiar e a preparação para o Matrimónio (cf. nº 12, § único; nº 5, § 2). Sinal da sua importância é o facto de ser actividade recorrente nos programas diocesanos. A equipa diocesana vai fazendo um trabalho persistente de sensibilização, de formação de equipas… Mas certamente reconhecerá, como nós reconhecemos, que é uma área a necessitar de um novo incremento. Talvez não seja suficiente, hoje, o C. P. M. na preparação para o matrimónio. E talvez, mesmo, tenha de se repensar a actividade a nível da pastoral Familiar, envolvendo (porque não?) outros casais cristãos que possam dar um novo fôlego a esta acção fundamental. Até porque aqui caímos no risco de, à força de tanto estar presente em programas pastorais, se perder o seu dinamismo.
Partilho aqui estas notas sem qualquer outra pretensão que não seja o bem desta Igreja particular de que sou membro e chamado a servir; muito menos como qualquer forma de juízo de pessoas ou instituição. São inquietações para mim, do ponto de vista pastoral, realidade que eu próprio não fui ainda capaz de assumir como tarefa primordial. Todavia, em nome da honestidade pessoal, sinto que alguma coisa tenho feito, seja no desejo expresso a quem de direito, seja mesmo nas propostas que pretendi ver assumidas em contexto diocesano. Mas também aqui (e essa será talvez uma riqueza!) o trabalho tem de ser comum, mobilizador de todos, condição essencial para surtir o efeito que se pretende, que outro certamente não será senão o bem do Povo de Deus aqui constituído em Igreja Diocesana.
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho
Parece-me, volvidos nove anos sobre o Sínodo Diocesano (um tempo muito longo, no ritmo hodierno!), que importa avaliar a implementação, ou não, das decisões sinodais, que foram dadas à Diocese como norma de orientação comum e, consequentemente, obrigação para todos. Pessoalmente, e a nível de paróquias, espero fazê-lo em breve com os Conselhos Pastorais que me estão confiados.
Se é certo que alguns aspectos foram levados à prática, bastando para tal reler as referidas decisões, ainda existem muitos outros que aguardam uma nova dinâmica. Sem ser exaustivo, enumero algumas delas, de importância crucial para nós na hora presente da vida da diocese. Em primeiro lugar, refiro a necessidade de se organizar um verdadeiro serviço de Catequese de Adultos, tão falado no passado recente e que pareceu esmorecer no presente. Esta é, aliás, uma necessidade bem mais alargada, que se coloca a toda a Igreja em Portugal, como referiu o papa Bento XVI, no Discurso aos Bispos Portugueses, aquando da visita ad sacra limina. Para nós, o Sínodo apontou este serviço como decisão fundamental em ordem à renovação da vida cristã (cf. nº 1, § 4).
Dois outros aspectos, que têm sido motivo de uma já demasiado longa reflexão e de uma forte incapacidade de concretização, são o trabalho conjunto nos Arciprestados (cf. nº 21, § 3) e o trabalho conjunto dos presbíteros (cf. nº 16, § 4). E aqui havemos de assumir, os padres e bispo diocesano, que a incapacidade tem sido nossa. Seja pelas decisões tomadas aquando de nomeações para serviços pastorais, seja de uma mentalidade que não nos dispomos a ultrapassar, encetando novos caminhos de partilha do serviço ministerial. Estamos todos enformados por uma mentalidade demasiado individualista no exercício do ministério, que já não se compadece com as nossas reais necessidades e com a prática da cultura presente.
Numa linha semelhante, aparece-nos a necessidade de «reordenamento» da comunidades paroquiais e dos arciprestados do meio rural (cf. nº 21, § 5). É preciso parar, reflectir e tomar decisões, em ordem a servir melhor todo o Povo de Deus, compreendendo a Diocese como uma e não apenas como somatório de um certo número de comunidades paroquiais. Aqui havemos de ter a humildade de nos rodearmos das disciplinas humanas que nos ajudem a efectuar um trabalho sustentado.
Se alguns outros aspectos necessitavam de reflexão, como o prometido Secretariado de Liturgia (cf. nº 9, § único), que tarda em ver a luz do dia, termino com um desafio tão importante para nós hoje, como é a Pastoral Familiar e a preparação para o Matrimónio (cf. nº 12, § único; nº 5, § 2). Sinal da sua importância é o facto de ser actividade recorrente nos programas diocesanos. A equipa diocesana vai fazendo um trabalho persistente de sensibilização, de formação de equipas… Mas certamente reconhecerá, como nós reconhecemos, que é uma área a necessitar de um novo incremento. Talvez não seja suficiente, hoje, o C. P. M. na preparação para o matrimónio. E talvez, mesmo, tenha de se repensar a actividade a nível da pastoral Familiar, envolvendo (porque não?) outros casais cristãos que possam dar um novo fôlego a esta acção fundamental. Até porque aqui caímos no risco de, à força de tanto estar presente em programas pastorais, se perder o seu dinamismo.
Partilho aqui estas notas sem qualquer outra pretensão que não seja o bem desta Igreja particular de que sou membro e chamado a servir; muito menos como qualquer forma de juízo de pessoas ou instituição. São inquietações para mim, do ponto de vista pastoral, realidade que eu próprio não fui ainda capaz de assumir como tarefa primordial. Todavia, em nome da honestidade pessoal, sinto que alguma coisa tenho feito, seja no desejo expresso a quem de direito, seja mesmo nas propostas que pretendi ver assumidas em contexto diocesano. Mas também aqui (e essa será talvez uma riqueza!) o trabalho tem de ser comum, mobilizador de todos, condição essencial para surtir o efeito que se pretende, que outro certamente não será senão o bem do Povo de Deus aqui constituído em Igreja Diocesana.
Pe. Carlos Alberto da Graça Godinho