Durante muito tempo deixámos que a questão ambiental se entendesse quase como tarefa exclusiva de um certo grupo ou grupos sociais, mais ou menos institucionalizados, fossem cívicos, políticos ou mesmo de corrente de opinião. A questão ambiental foi-se afirmando paulatinamente como elemento estruturante de algumas orientações políticas e de forte sensibilização social. A este nível, o prémio Nobel da Paz atribuído, no ano passado, a Al Gore e ao seu trabalho na luta pela preservação do ambiente, veio relançar a urgência de revermos as nossas atitudes na relação com a natureza e os bens de que dispomos. Foi um contributo importante, sobretudo porque nos confrontou com a viabilidade ou não viabilidade da tão desejada estabilidade da vida humana que está profundamente ameaçada. Mas se para alguns estas são ainda afirmações «politizadas», a verdade é que as notícias são recorrentes confrontando-nos sistematicamente com dramas humanos que resultam deste terrível desequilíbrio no uso dos bens da criação. Não raro, são países mais pobres, como os do Continente Africano, Asiático e até da América Latina, que mais sofrem as consequências destes desajustes, seja devido ás secas prolongadas, sejam as consequências do imensos temporais que varrem tudo por onde passam. Algumas vezes ficamos até com a sensação que, pela sua localização geográfica, alguns povos foram «fadados» para sofrer. Veja-se ultimamente o caso de Moçambique, que nos está tão próximo afectiva e culturalmente.
Assumindo a sustentabilidade da terra como preocupação, a Organização da Nações Unidas propõe-nos como tema de reflexão e de acção, para este ano de 2008, o Planeta Terra – Ano Internacional do Planeta Terra. De igual modo, o Papa Bento XVI, na sua mensagem de Ano Novo, assume o tema com um conjunto de chamadas de atenção aos cristãos e aos homens de boa vontade, no sentido de cuidarmos da criação que nos foi confiada e de a legarmos como dom primeiro – a casa comum – aos vindouros. O Papa apela-nos, nessa mensagem, para uma verdadeira necessidade de conversão no modo como usamos os bens da criação, fundamentando-se no livro dos Génesis, concretamente na responsabilidade que cabe ao homem no sentido de cuidar desse dom precioso que Deus lhe confiou.
Sabemos que o problema ambiental é resultado de uma visão meramente economicista da vida, que não poupa nada nem ninguém. As nossas sociedades organizaram-se em torno do desenvolvimento económico sem cuidarem da sua viabilidade. Em última instância, não hesito em dizer que estamos diante do mais puro egoísmo e ganância, que não respeita nada nem ninguém, com as consequências humanas referidas.
Em tempo de Quaresma, a questão ambiental será um convite importante para todos nós, no sentido de mudarmos alguns hábitos e atitudes, de modo a contribuirmos para uma sustentabilidade da vida e da criação, de modo a que o dom de Deus seja por nós respeitado e cultivado, na fidelidade aos desígnios desta mesma criação. Torna-se mesmo um dever de consciência diante de nós próprios e de tantos dramas que resultam destes desequilíbrios.
Aqui não basta uma certa solidariedade; a caridade cristã assume hoje, também, estes contornos inadiáveis, transformando-se em imperativo de consciência. E os nossos gestos, por mais pequenos que sejam, serão sempre um contributo precioso.
Pe. Carlos Alberto das Graça Godinho
Assumindo a sustentabilidade da terra como preocupação, a Organização da Nações Unidas propõe-nos como tema de reflexão e de acção, para este ano de 2008, o Planeta Terra – Ano Internacional do Planeta Terra. De igual modo, o Papa Bento XVI, na sua mensagem de Ano Novo, assume o tema com um conjunto de chamadas de atenção aos cristãos e aos homens de boa vontade, no sentido de cuidarmos da criação que nos foi confiada e de a legarmos como dom primeiro – a casa comum – aos vindouros. O Papa apela-nos, nessa mensagem, para uma verdadeira necessidade de conversão no modo como usamos os bens da criação, fundamentando-se no livro dos Génesis, concretamente na responsabilidade que cabe ao homem no sentido de cuidar desse dom precioso que Deus lhe confiou.
Sabemos que o problema ambiental é resultado de uma visão meramente economicista da vida, que não poupa nada nem ninguém. As nossas sociedades organizaram-se em torno do desenvolvimento económico sem cuidarem da sua viabilidade. Em última instância, não hesito em dizer que estamos diante do mais puro egoísmo e ganância, que não respeita nada nem ninguém, com as consequências humanas referidas.
Em tempo de Quaresma, a questão ambiental será um convite importante para todos nós, no sentido de mudarmos alguns hábitos e atitudes, de modo a contribuirmos para uma sustentabilidade da vida e da criação, de modo a que o dom de Deus seja por nós respeitado e cultivado, na fidelidade aos desígnios desta mesma criação. Torna-se mesmo um dever de consciência diante de nós próprios e de tantos dramas que resultam destes desequilíbrios.
Aqui não basta uma certa solidariedade; a caridade cristã assume hoje, também, estes contornos inadiáveis, transformando-se em imperativo de consciência. E os nossos gestos, por mais pequenos que sejam, serão sempre um contributo precioso.
Pe. Carlos Alberto das Graça Godinho