Todos nós, de um modo ou de outro, desejamos mudar o mundo, tornando-o mais justo, mais fraterno, solidário... Numa palavra, mais humano!
Ora, o mundo só poderá mudar na justa medida em que nós mudarmos, em que formos capazes de alterar as nossas vivências, as nossas opções, os nossos afectos, as nossas atitudes. Nunca mudaremos o mundo se não mudarmos o nosso próprio ser. Mais: o mundo só muda na justa medida em que nós, pequenas parcelas do todo, o mudarmos no nosso íntimo. Não podemos, por isso, ter a veleidade de mudar o todo. Mas podemos, sim, mudar a parte que nós somos.
E a grande dificuldade reside aqui: queremos mudar os outros e não somos capazes de nos transformar a nós próprios. A velha sabedoria clássica de Esopo (sécs. VII - VI a.c.), nas suas fábulas, coloca-nos perante este dilema, ao referir-nos o alforge: à frente trazemos, com demasiada frequência, os defeitos dos outros e atrás os nossos. Ora, assim nunca consciencializamos os nossos defeitos e dificilmente os corrigimos. Ao contrário, temos sempre diante de nós os defeitos dos outros, que queremos combater.
Algumas vezes, referindo-me a esta fábula, afirmo a necessidade de mudarmos a posição dos sacos do alforge. Só assim somos mais conscientes de nós, capazes de uma verdadeira autocrítica e consequente mudança.
O mundo só muda quando cada um de nós for capaz de iniciar esta mudança!