Acabo de ver o debate sobre a nova lei do Divórcio, no programa «Prós e Contras». Entre argumentos e contra argumentos (nem sempre tão serenos quanto se deveria esperar, como sinal de realidade amadurecida!), acabo por concluir que a nossa vida em sociedade tem cada vez menos consistência. Isto é: cada vez mais o nosso viver conjunto assenta num mero sentimento pessoal, relegando para segundo plano a dimensão do compromissos assumido; a noção do dever para com o outro. Não me manifesto quanto às virtualidades e defeitos da nova lei. De resto, nem sou jurista, nem tive oportunidade de ler a nova proposta. Parece-me é que o conceito de base, que suporta uma relação, assenta cada vez mais num sentimento e menos num compromisso das partes. Com esta nova concepção, vem ao de cima o conceito de amor assumido pelo comum da sociedade. Será o amor um simples sentimento? Não será também uma exigência de doação e de construção da relação com o outro? Em que valores se fundamenta a união matrimonial?
Bem... a discussão será vasta... Mas parece-me que a nossa vivência social assenta cada vez mais numa visão hedonista da vida, em que o sentido de compromisso, de dever, a noção de exigência como forma de constutir uma vida verdadeiramente humana, são postergados para uma concepção passadista que nada tem a ver com a modernidade. Não sei se a breve trecho não viremos a ser as vítimas desta fragilidade em que fazemos assentar as nossas vidas em comum...