quarta-feira, 14 de maio de 2008

Escutismo e desenvolvimento integral!


Num tempo em que falamos tanto do desenvolvimento integral das nossas crianças e jovens, a Flor de Lis - Orgão Oficial do Corpo Nacional de Escutas -, em artigo de Pedro Duarte Silva, apresenta-nos uma belíssima estruturação desta formação integral:

Um ser humano é feito de:

Corpo - Desenvolvimento físico;
Inteligência - Desenvolvimento intelectual;
Emoções - Desenvolvimento emocional;
Natureza Social - Desenvolvimento social;
Alma - Desenvolvimento espiritual.

Faltando algum destes elementos constitutivos, o homem está, necessáriamente, incompleto. Mas, o mais interessante, é que o escutismo, quando bem vivido, permite o desenvolvimento de todas estas componentes. A actividade física, própria da dinâmica escutista, contrabalança com uma tendente sedentarização dos nossos jovens, fruto do uso por vezes abusivo das novas tecnologias. A inteligência cultiva-se, igualmente, na mesma dinâmica, quando as actividades propostas são bem organizadas, pedagógicamente correctas e facilitadoras de uma capacidade reflexiva e de síntese. Vejam-se alguns jogos de pista, fogos de concelho, actividades lúdicas e formativas...; quanto manancial disponível para aprender de forma atraente e agradável... Mas as dimensões emocional e relacional são aquelas que mais atraem na vivência do escutismo. Se dizemos que os jovens se sentem atraídos pelas actividades próprias do escutismo, não podemos esquecer que tal se deve ao facto de serem vividas em grupo e de potenciarem a amizade. O facto de desempenhar uma tarefa que implica o grupo cria condições de sociabilização e de afecto que dão profundidade a toda a vivência comum. E também hoje, numa realidade tendencialmente individualista, o escutismo vem ao encontro dos desejos mais profundos das nossas crianças e jovens. A dimensão espiritual marca o desafio do mais profundo; do mais além, onde tudo ganha um sentido radicalmente novo. Onde o presente não se esgota, mas nos abre a um futuro. Por isso, construir o próprio ser na relação com os demais não nos deixa fechados no imediato do aqui e agora; abre-nos a uma dimensão bem mais profunda, onde todo o agir ganha um sentido radicalmente novo. Digamos que a experiência da felicidade experimentada na relação com os outros, nos projecta para uma certeza que de longe nos chama a ir mais além, a buscar o sentido pleno do qua ainda está marcado pela contingência. Quantas vezes um momento de contemplação, uma experiência de amizade, uma actividade... nos enche a alma e nos faz como que perder a noção do tempo. E perder-se nessa imensidão é o desejo mais profundo de cada um. Para o escutismo Católico, esse desejo de profundidade tem rosto - chama-se Jesus Cristo. E é curioso que não só nos apela para esse eterno em nós, mas nos ensina que todas as outras dimensões do nosso ser, devidamente cultivadas, são abertura a essa plenitude. É o viver o já na esperança do que há-de vir. Portanto, felizes já, na esperança de uma felicidade que será plena.
É por isso que importa investir no Escutismo. Poucas serão as «escolas» tão ricas no seu programa, ao serviço do crescimento das nossas crianças e jovens.
Pe. Carlos Alberto Godinho